Além Do Mate
(Marcelo D´Ávila, Clóvis Souza)
Que coisa linda
Se abraçar no pinho
E bordonear rasguidos
Com a luz da lua
A fazer as vezes
De candieiro antigo
Uma coruja pia
Em contraponto
Um sol em sustenido
Buscando um ninho
Embaixo das estrelas
Que lhe dê abrigo
Que coisa linda
Se abancar à sombra
De alguma figueira
Trançando rimas
Num sovéu de versos
Em ritual terrunho
É o catecismo
Dos poetas xucros
De alma galponeira
Que nos altares
De tantas tertúlias
Dão seu testemunho
Mas verso e pinho
Só terão sentido
Se semearem ânsias
De um novo tempo
Onde não falte erva
Pelos ranchos pobres
E além do mate
As bocas desnutritas
Sorvam a esperança
De que a palavra
Vale mais que o brilho
Enganador dos cobres