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Identidade Farroupilha

Identidade Farroupilha
(Flávio Campos Sartori)

No vento minuano frio
Que açoita no inverno,
No braseiro do galpão
Na roda do chimarrão,
No tiro de laço certeiro,
No pealo de cucharra,
No toque da cordeona,
Duetando co’a guitarra.

Conservamos a identidade,
Do sul do nosso país,
Sementes que foram plantadas,
De ancestrais nossa raiz.
Na juventude de hoje
Que apostamos sem reserva,
Espelhados no passado
A identidade conserva.

Num mate bem cevado
De pura erva cancheada,
Na ferrada da espora
Nos dias de gineteada.
Me identifico à tradição,
À cultura do rio grande,
Veios de sangue farrapo
Que levo por onde eu ande.

Da Solidão de um Peão Posteiro

Da Solidão de um Peão Posteiro
(Flávio Campos Sartori)

Estou sozinho no meu rancho de posteiro
Só por parceiro o cusco baio fiel amigo,
Nesta invernia que começa açoitando
Com o minuano desbravando seu caminho.

Geada grande vai branqueando o pastiçal
Gelando o sal que sobrou lá no saleiro,
O gado é gordo, eu não temo a consequência
Pois minha vivência está na vida de campeiro.

Passa o tempo e eu sólito no fundão
Eu sou peão e preciso trabalhar,
Recorro o campo nos sem fins das sesmarias
Todos os dias trago em ordem meu lugar.

O patrão de vez em quando vem à estância
Pois a distância entre o povo é muito longa,
Traz minha bóia pra passar o mês inteiro
Eu sou posteiro marca grande do rio grande.

Só que os invernos branquearam minhas melenas
Não tem problema, fui eu mesmo que escolhi,
Agora velho, sem família e desgastado
Lembro o passado e me forjo a ser guri.