Da Solidão de um Peão Posteiro
(Flávio Campos Sartori)
Estou sozinho no meu rancho de posteiro
Só por parceiro o cusco baio fiel amigo,
Nesta invernia que começa açoitando
Com o minuano desbravando seu caminho.
Geada grande vai branqueando o pastiçal
Gelando o sal que sobrou lá no saleiro,
O gado é gordo, eu não temo a consequência
Pois minha vivência está na vida de campeiro.
Passa o tempo e eu sólito no fundão
Eu sou peão e preciso trabalhar,
Recorro o campo nos sem fins das sesmarias
Todos os dias trago em ordem meu lugar.
O patrão de vez em quando vem à estância
Pois a distância entre o povo é muito longa,
Traz minha bóia pra passar o mês inteiro
Eu sou posteiro marca grande do rio grande.
Só que os invernos branquearam minhas melenas
Não tem problema, fui eu mesmo que escolhi,
Agora velho, sem família e desgastado
Lembro o passado e me forjo a ser guri.
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