(Noel Guarany, João Sampaio)
Gaúcho-centauro de pua
Medalha de pátria guaxa
Na legenda da bombacha
Há reflexos de lua
Velha encarnação xirua
Cintilando ao sol dos anos
Bronze agreste dos pampeanos
Redemunhando só confins
Entre o sopro dos clarins
De los pueblos soberanos
Alma-hombre-continente
Viejo caudilho paisano
Mescla de pampa e minuano
Brasões de raça imponente
Tal qual criola vertente
De alçadas concepções
Donde vieram aos borbotões
Velhos tigres de fronteiras
Ajoelhando a alma inteira
No altar das tradições
Dom Saraiva el gáucho errante
Del panuelo colorao
Que tranqueando en su tostao
Levaste el pátria adelante
Com la imagem cintilante
De caudilho americano
Que el viejo pago orejano
Saludo en la montonera
La liberdaded y la bandera
Del gaucho y nuestros hermanos
E se foi pra eternidade
Num flete bueno e pachola
Laço velho a bate-cola
De rédea solta à vontade
E um pendão de liberdade
Mais puro do que vertente
Entrou na história de frente
De chapéu meio tapeado
E um por de sol colorado
Sangrando a alma da gente
Mas ficaram ressonâncias
Luzindo sobre a planura
Fundametando cultura
Enchendo vazios... Distâncias
E no templo das estâncias
Entre úmbus e sinamomos
Preces nativas dispomos
Na catedral do galpão
No clarim dum redomão
Proutros rincões nos transpomos
Essa legenda guerreira
Balguala e continental
Saiu da banda Oriental
Sem convenções de fronteira
E foi cruzando altaneira
Com pátria dentro de si
Por Bagé e Itaqui
Arrematando na Lapa
Para luzie essa luz guapa
No capão do Carovi
Velho umbú enraizado
No coração do gaúcho
Como a antevisão de um bruxo
Que é senhor do descampado
E ao pé de um cerro oitavado
Se vestiu de sol e escuro
Se transformou em grão maduro
Numa esfinge derradeira
Que há de amanhecer bandeira
No Rio Grande do futuro