Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador Delci Taborda. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Delci Taborda. Mostrar todas as postagens

Vaneirão Do Sonhador

Vaneirão Do Sonhador
(Helena Fontana, Delci Taborda)

Quem não arrisca não ganha
Quem não joga não arrisca
Vou empatar uns trocados
Pra ver se a sorte belisca
E se um dia eu pego ela
Numa volteada de jeito
Mando a pobreza pra os quintos
E na vida me endireito

Sonha Marcelino, sonha
Que sonhar não paga imposto
O povo sonha acordado
Porque vive apavorado
Com a corda no pescoço

Vou botar fogo nos trapos
E me pilchar à capricho
Abandono a caipirinha
E não jogo mais no bicho
Me mudo pra um casarão
Com piscina e muita flor
E contrato um motorista
Pra me chamar de doutor

Pra os parentes mais nabentos
Eu até vou dar uns cobres
Vai ser só pena que voa
E não vai ter china pobre
Quero sombra e água fresca
E nunca mais pão com banha
Agulha, só pra costura
Churrasco só de picanha

Só não vou trocar a velha
Porque essa é das confianças
E o meu fuca eu vou deixar
Pra brinquedo das crianças
Eu não perco a esperança
De me abraçar com as pelegas
Por isso vivo sonhando
Enquanto a sorte não chega.



VANEIRÃO DO SONHADOR- Letra Helena Fontana Música Delci Taborda by Helena Fontana 1

Parelis

Parelis
(Ramires Monteiro, Delci Taborda)

Despi o eu da saudade...
Lembrando de uma menina,
A brisa que beijou seu rosto
Hoje beija um rosto triste

Andando, andando, andando,
Anda, ando!...
Andando, andando, andando,
Anda, ando!...
E o tempo vai parando...
Para Elis!

Pára o sol, Pára a chuva,
Pára o vento!...Pára a lua,
Pára a rua, Pára o pensamento!...
Pára o rio, pára o riso,
Pára o beija-flor! ...

Só não pára uma lágrima de amor...
Só não para uma lágrima... para Elis!
- Pensando em ti
Senti a nudez do canto,
Enquanto o pranto diluía a vida,
Senti a pausa da lida
E o choro da nuvem perdida num céu...
E o choro da nuvem perdida num céu...
O choro da nuvem perdida... num céu senti !

Parou o sol, parou a chuva,
Parou o vento, Parou a lua!...
Parou a rua, Parou o pensamento,
Parou o rio, Parou o riso!...
Parou o beija-flor ...
Só não parou uma lágrima de amor...
Só não parou uma lágrima... para Elis!

Andando, andando, andando, Anda, ando...
Andando, andando, andando, Anda, ando...
E o tempo foi parando... Parou Elis !



PARELIS - Delci Taborda by guascaletras

De Fronteira Céu E Campo

De Fronteira Céu E Campo
(Marco Aurélio Campos, Delci Taborda)

Dono de uma alma andarilha
Extraviei-me nas distancias
E o fruto das ressonâncias
Carrego dentro de mim,
Desde bem piá sou assim
E vivo nas soledades
Sabendo que pra saudade
Todo o princípio é fim.

Minh’alma lembra a doçura
Do amor que andando provei
Lua de mel que guardei
Roqueira “Prenda” y ”Poti”,
Cachopa de Camoatim,
Que mela quando aquecida,
O melhor mel dessa vida
De tantos quantos escolhi.

Volveré mi flor del campo
Manoseando tus distancias
Sombra y sol húmedas anciãs
Dentre almas que san bellas… 
Canto vida y luz enejas
La noche a santiguarse
Sol  que vuelve a quedarse 
Echo luz de mil estrellas

Amei-te como num sonho,
Litoral de céu e campo
Luz de estrelas pirilampos
Num caudal que rumoreja,
E nesse amor que ele seja
Um canto pra consagrar-te
A vida para adorar-te
Por mais distante que estejas.

Seremos mesmo nos longes,
Em que minh'alma te espera
Sombra ou sol na primavera
Das chegadas sem partidas,
Ânsia azul desmerecida
De esperança que componho
De realizarmos os sonhos
Dos impossíveis da vida.



DE FRONTEIRA CÉU E CAMPO - Delci Taborda by guascaletras

Sonhos Cantigas E Lendas

Sonhos Cantigas E Lendas
(Beto Jordani, Delci Taborda)

Não permita que terminem as cantigas de ninar
São embalos pras crianças no sonho do “imaginar”,
Alguém sabe onde ficou a lenda do Boitatá?
O fogo já se apagou nessa estória de assusta!..

- Mas que lindo à tardezinha!...
  Brincar na frente de casa de “Ciranda-Cirandinha”
“- O anel que tu me destes era vidro e se quebrou”...
Cantigas foram perdidas,
Porque ninguém mais cantou?

E de Quinta para Sexta é noite de lobisomem,
Se “fazia” e “desfazia” o lobo que era homem!
Também já se terminou, - a estória tá vazia!
Deixamos de alimentá-las com o medo e a fantasia...
- Mas que lindo à tardezinha!...

Os assombros foram embora e levaram os seus guardados,
Não se acredita em tesouros com fantasmas enterrados,
Pra que cuidar das panelas se ninguém vai procurar,
Se não tem mais serventia e um vivente para assustar?

Há muita coisa perdida, hoje tudo tá mais feio
Vou pedir uma ajudinha pro Negro do Pastoreio,
- Negrinho quase esquecido, acendo a vela pra ti,
Me ajude a encontrar o sonho que um dia eu perdi...
- Mas que lindo à tardezinha!...



SONHOS CANTIGAS E LENDAS - Delci Taborda by guascaletras

Gaitas Missioneiras

Gaitas Missioneiras
(Flávio Saldanha, Delci Taborda)

Estas Gaitas Missioneiras
Vejam a força que tem,
E a munheca do gaiteiro
Vejam são fortes também

Abrindo e fechando o fole
Só eles sabem segredos,
Das melodias que brotam
Do pipocar dos seus dedos

São as Gaitas Missioneiras
Com força de ventania,
Na consonância das teclas
No ronco da baixaria

Estas Gaitas Missioneiras
Trazem vozes Jesuítas,
E a melodia erudita
De ancestrais clarinadas

Quando os palcos desses campos
Entoaram cavalgadas,
De espanhóis e índios bugres
Cruzando lanças e espadas

São as Gaitas Missioneiras
Com força de ventania,
Na consonância das teclas
No ronco da baixaria



GAITAS MISSIONEIRAS - Delci Taborda by guascaletras

Filhos Do Ibicuí

Filhos Do Ibicuí
(João Ari Ferreira, Delci Taborda)

De pau-a-pique e capim às margens do Ibicuí
Ergueu-se aldeia antiga da Redução Guarani
A crença nos Inacianos rebanhos e plantações
Firmaram por essas plagas
Os esteios das missões

O gado xucro extraviado fez surgir o lusitano
Para tornar estancieiro o puro chão campechano
E das margens do Ibicui madeiras de puro cerno
Trombaram pra ser trincheiras
Contra os rigores do inverno

Da nascente ao Uruguai
Às margens do Ibicuí
Revelam em suas areias
Os meus rastros de guri

Entre esperas e pesqueiros
A beira dos sarandis
Veranista ou pescador
Somos filhos do Ibicui.

Douraram os arrozais
Nas várzeas verdes e planas,
Quando o rio abriu os braços
Saciando a sede das plantas

A trama insana das redes
Foi trucidando cardumes,
Feito a flor que feneceu
Bem antes de ser perfume.



FILHOS DO IBICUI - Delci Taborda by guascaletras

Milonga Negra Grongueira

Milonga Negra Grongueira
(Zé Rodrigues, Delci Taborda)

Milonga Negra Grongueira,
Quem te gerou não sabia
Que do além mar tu trazia
Um canto sentimental.

Foste crescer no Uruguai
Germinando esta semente,
Encontras-te colo quente
Na Argentina e no Rio Grande.

Este teu ritmo afro
De onde foste parida,
Encontrou lá nas Missões
O berço pra tua guarida.

No derredor dos fogões
E nas noites galponeiras,
Um pinho triste lamenta
A saudade de uma china.

Que amargando a triste sina
Bordoneia teu destino,
Que de tanto andar a esmo
Gauderiou desde menino.

Milonga quatro bandeiras
O teu pendão se agiganta,
E minha voz na garganta
Que canta quase chorando.

Vai te encontrar num abraço
Entre primas e bordões,
Eu te escuto tão calado
Na solidão dos galpões.



MILONGA NEGRA GRONGUEIRA -Delci Taborda by guascaletras

Bailanta De Fronteira

Bailanta De Fronteira
(Jorge Rodrigues, Delci Taborda)

Coisa bem linda é um baile de Rancho
E um lampião num gancho fazendo o clarão,
Pra indiana tosca com a fachada osca
De tanta poeira que brota do chão.

Quem não se achica pra qualquer sorongo
Já arca o lombo e sai abrindo espaço
Pois quando a gaita chacoalha os mondongos
Até os mocorongos entram no compasso

Que Baile Bueno
Contra-veneno pra qualquer tranqueira
Ronco de gaita,
Registrada a marca de sinal e tarca da velha fronteira

E a bailanta vai se esparramando
Até por debaixo do caramanchão
E o gaiteiro firme nas ilheiras
Parindo rancheira, xote e vaneirão

E o porteiro tem a cara feia
E um bigode que é uma coisa louca
Até parece que engoliu um matungo
E esqueceu o rabo pra fora da boca

Que Baile Bueno

Lá pelas tantas um taura afoito
Puxa um trinta e oito pra comemora
Sai bala e bala pela madrugada
Abrindo picadas no caraguatá

Volta pra dança sacudindo a pança
Regadito a canha e torto das idéias
Risca de espora o calcanhar das prendas
E as pontas de rendas “das saia das veia”

Que Baile Bueno...


BAILANTA DE FRONTEIRA - Delci Taborda by guascaletras

Alguém Ligou O Rádio No Galpão

Alguém Ligou O Rádio No Galpão
(Máximo Fortes, Delci Taborda)

Alguém ligou o rádio no galpão
Alguém remancha pra sair do catre
E uma cambona de lata de azeite
Já tem água pronta pros rituais do mate

O fogo feito que rasgou a noite
Foi o ponteiro que arrastou o dia
Quem se levanta vai tirando o freio
Igual saudades que despertam frias

Alguém ligou o rádio no galpão

Todas as manhãs pelo Rio Grande a fora
O mesmo poncho traz calor e abrigo
Pois nada existe de melhor pra vida
Que o sol dos olhos de um olhar amigo

Alguém ligou o rádio no galpão

O brilho puro das pequenas coisas
Lembra que estrelas dormem na amplidão,
E como é bom madrugar no campo
Se alguém ligar um rádio no galpão

Alguém ligou um rádio no galpão



ALGUÉM LIGOU O RADIO NO GALPÃO - Delci Taborda by guascaletras

Apertando o Chão

Apertando o Chão
(Maria Ester Vidal, Delci Taborda)

Um Gaúcho acriolado
Tem sempre a cuia e a chaleira
E uma canção galponeira
Fazendo-lhe algum costado

Pra outro pago não parte
Sem alambrar a querência
É um cevador de experiências
Depois de amansar o mate

Deixa amigos em taperas
E atiça um fogo de chão
Bordoneando um violão
Num banco sempre na espera

Cabresteado pela vida
Vai abrindo mais fronteiras
E a lembrança caborteira
É como boeira da lida

E se o mate der saudade
Não pensa no desafogo
E aquece com toda a vontade
Na cuia, na bomba e no fogo,

Pra outro pago não parte
Sem alambrar a querência
É um cevador de experiências
Depois de amansar o mate



APERTANDO O CHÃO - Delci Taborda by guascaletras

Bailantas de Costa de Rio

Bailantas de Costa de Rio
(João Carlos Loureiro, Delci Taborda)

Quando o sol vai baixando o pavio
Por cima dos serros lado castelhano
Lá no rio a corrente se aquieta
É prenuncio de baile na noite aragana

São morochas bonitas de flor no cabelo
Que em lindos panuelos se põem a bailar
Só quem sente o encanto da noite
Entende o prelúdio de amor por chegar

Bailantas de costa de rio
Que nas noites de frio a gente tem calor,
Bailanta onde dança o costeiro
E se arma pesqueiros na busca do amor

Muitas vezes pro baile escrinudo
Se convida a polícia com muita esperteza
E ali enquanto a noite deslancha
O chibero dá remo lá na correnteza

Nada é igual em tanto aconchego
A pilcha do rancho é singela demais
E quem vê esses verdes profundos
Entende a magia que trás o sorungo



BAILANTA DE COSTA DE RIO - Delci Taborda by guascaletras

Brincando de Gato Cego

Brincando de Gato Cego
(Nei Fagundes Machado, Delci Taborda)

Gato Cego, de onde vem?
-De Belém! ...De Belém!
Que tráz pra comer?
-Pão e Queijo! ...Pão e Queijo!
Me dá um pedacinho ? ... não...!

Criança que corre, criança que pula,
Criança que cai, prá levantar,
Criança que rí, criança se esconde,
Criança não deixa o gato pegar !

Toda a gurizada ficava quietinha
E o gato coitado tentando agarrar,
A vida era linda e a gente pedia
Que a roda do tempo parasse de andar ...

Gato cego, de onde vem? ...

O moço que corre, o moço que voa,
O moço que luta por tudo o que crê,
O moço que pensa, o moço que sonha,
O moço que é forte, o gato não vê.

O homem que corre, o homem que sofre,
O homem que cai sem levantar
O homem tem sede, o homem tem fome,
O homem que deixa o gato pegar ...

Gato cego, de onde vem? ...



BRINCANDO DE GATO CEGO - Delci Taborda by guascaletras