(Maria Ester Vidal, Enio Medeiros)
Sentado a beira do fogo
Depois de um dia campeiro,
Aqueço-me junto ao braseiro,
Como quem pesca um luzeiro,
Na lida com o pai de fogo!
E por cima um pala antigo,
Que envelheceu no meu ombro...
Velho, sujo e mal dobrado...
Muitas vezes de mendigo,
Por tê-lo assim, fui chamado.
No calor de suas fibras,
Muitas lágrimas secaram,
Quando no frio do abandono,
Eu sem ela, tão sem dono
Juntito dele chorava!
E assim, me identificava
Aquele pala surrado,
Que no verão se atirava
Por cima de algum lajeado,
A mostra pras lavadeiras
Pra descansar e ser lavado!
Ah, companheiro sem queixas,
Que o peão nem pensa largar...
Serve de catre, de quincha;
Às vezes leva nos ombros
Este Rio Grande a cantar!
COMPANHEIRO SEM QUEIXAS by guascaletras