(Danilo Kuhn)
Calou-se a voz da América do Sul,
Levou com ela a dor do nosso
adeus.
Nas asas de um condor, no céu
azul,
Sua alma, clara, foi morar com Deus.
Nos ranchos, toscos, se acenderam
velas
E de silêncio revestiu-se a pampa.
O aço perde o fio, se destempera,
Mas a palavra, é espada de quem
canta.
Como se fosse o som de nossas
almas.
Um rio não morre ao encontrar a
foz,
São só suas águas que se alargam,
calmas.
Eu só peço a Deus, em nome dos
pobres,
Nós somos filhos do mesmo
abandono.
A terra abriga humildes casebres
E nos casebres, se abrigam os
sonhos.
Em cada verga, em cada semente,
Na esperança, cega, do semeador,
Em cada sanga, dormindo silente...
Tu viverás, nos aguapés em flor.
Como se fosse o som de nossas
almas.
Um rio não morre ao encontrar a
foz,
São só suas águas que se alargam,
calmas.