O
Primeiro Canto
(Sérgio Carvalho
Pereira, Roberto Borges)
Descampado, sin
alambre
Várzea, sanga e
canhadão
No céu a
constelação
Da cruz del sur
alumbrando
Vento gelado
arrepiando
Pasto e gado
cimarrón.
Foi a época do
couro
Carnal, carneadeira
e flor
Garrão cortado de
touro
Mão certeira e
sangrador
A soga, a pedra, o
estouro
E o grito do
boleador.
Subiu a poeira do
tombo
E a poeira do
esquecimento
Só uma payada, um
lamento
Prendeu a voz deste
estrondo
El cantar siempre
es más hondo
Si al canto lo carga
el tiempo.
Se o livro ainda
não sabia
Que já chegara o
gaúcho
O payador, monge e
bruxo
Teimava que ele
existia
Dos gritos tirou
poesia
Do couro tirou seu
luxo.
Três séculos...
quase nada
Pras estrelas e os
fogões
Que escutaram as
orações
Dessa primeira
payada
Na pureza desta
aguada
Bebem todas
gerações.
E aqui estou, e
este meu canto
Na outra ponta da
história
Tem muito desta
memória
E tem de mim outro
tanto
Da mesma poeira
levanto
Pra riscar minha
trajetória.
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