Bailongo no Mato Grande
(Jayme Caetano Braun, Lucio Yanel)
Um par se vem
Outro se vai, outro que fica
E a gaita louca se desmancha no salcero
Salta faísca com fumaça de candeeiro
Que reberbera no cabelo da marica.
A gaita velha muitas vezes é culpada
Do diz que diz que dos cochichos e segredos
Mas o gaiteiro faz de conta e não diz nada
Porque ele sabe que os culpados são os dedos.
De cada china cada olhar é uma aripuca
Promessa linda que tonteia quando chama
Na vanerita que se adoça e se derrama
Um céu de estrelas nas pupilas da maruca.
Um galo canta, um cusco acoa, um touro berra
E na penumbra a parceira se abaguala
O chinaredo farejou cheiro de terra
E há uma neblina galopeando pela sala.
E a gaita xucra se aveluda,
Depois se amansa num soluço de ansiedade
E anda nos ares gaguejando uma saudade
Não há quem saiba de onde vem tanta ternura.
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