(Vinícius
Pitágoras Gomes, Luiz Bastos)
Gaúchos
farrapos de barbas tostadas
Cavalgam
corcéis de pelo carvão
Farejam no
tempo os rumos perdidos
Galopam
silêncios sem patas no chão
Rebanhos
imóveis, estátuas de sal
Ruminam as
cinzas no campo queimado
E os peixes
que saltam das sangas de óleo
Beliscam as
iscas na pá de um arado
E os peixes
que saltam das sangas de óleo
Beliscam as
iscas na pá de um arado
Cuidado com a
terra que a volta virá
Semeando
desertos, ninguém colherá
Cuidado com a
terra que a volta virá
Semeando
desertos, ninguém colherá
Cuidado com a
terra que a volta virá
Sutis aguapés
nas velhas lagoas
Sepultam
raízes em negro veneno
E as garças
esguias de asas cansadas
Já não podem
voar seu vôo sereno
Pupilas
exaustas das rondas insones
Procuram na
estrela as fontes da vida
E a mão que
semeou a terra exaurida
Espera a
semente que não germinou
E a mão que
semeou a terra exaurida
Espera a
semente que não germinou
Cuidado com a
terra que a volta virá
Semeando
desertos, ninguém colherá
Cuidado com a
terra que a volta virá