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Ave Maria Pampeana

Ave Maria Pampeana
(Ubirajara Raffo Constant, Francisco Alves)

Na mansidão das campinas,
Co’a tarde que já se desfaz,
Solfejam as aves do campo
A melodia de um hino de paz.

Ave, Maria!...murmura
A brisa que ondula os trigais...
E as graças brancas, tão puras
Rezam a prece dos banhadais.

Ave Maria pampeana,
Escuta o fervor destas orações
E no adeus deste entardecer
Devolve paz pra os corações.

Ave-Maria-pampeana,
Dá-nos a luz de teu santo véu...
Que em suas roupagens brancas
Qual prece os lírios do campo
Erguem perfume pra o céu.


Intérprete : César Passarinho
Ritmo: Toada Canção


Mocito

Mocito
(Ubirajara Raffo Constant)

Antes tempos, quando moço,
Encilhava o melhor pingo
E saía nos domingos
Com as pilchas que era uma gala;
Conhecedor da escala,
Um ventito que soprava
Coisas lindas bordoneava
Nas brancas franjas do pala.

Meu flete tordilho negro,
No pelo tão bem cuidado,
Do meu preparo chapeado
Da prata copiava o brilho;
E p’ra florear o estilo,
Só de faceiro e daninho,
Ia ao trote puladinho
Que nem o canto do grilo.

Era meu gosto de moço
Nas tardes de carreiradas
No intervalo das largadas
Juntar a aba na fita;
E com alma tanqueadita
E as nazarenas cantando
Em passeio ir gavionando
Por entre as moças bonitas.

De volta, bem a noitinha,
Hora em que a pampa adormece
E a natureza parece
Cochichar na voz dos rios,
Eu trazia sem fastio,
Saudando a estrela boieira,
Uma coplita campeira
Bem floreada no assobio.

Assim No Más

Assim No Más
(Ubirajara Raffo Constant, Francisco Alves)

Dizem alguns que me quedo a esmo
Em meus silêncios a olhar confins...
É que saio a camperear comigo mesmo
Ao trotezito lá por bem dentro de mim.

E não vou para chorar ilusões perdidas
Mas cuidar os trevos nos campos de paz...
E trazer legendas de louvor à vida
Para a seiva nova que vem vindo atrás.

As tropas magras não se leva para as tabladas;
Isso já em piazito eu aprendi...
E só querem razões para as estradas
Os que não tem essas razões dentro de si.

Eu cinzelei na minha alma bem campeira
Em claras letras que destampo à vista;
Um ideal é a mais linda das bandeiras
E o seu horizonte não se pede...se conquista.

Pouco me importa que me surjam nas andanças
Mil atoleiros ou chircais pelas estradas...
Hei de transpô-los desfraldando esperanças
E abraçando o clarão das alvoradas