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Tropeadas

Tropeadas
(Maria Ester Vidal)  Amadrinhador: Miguel Brasil

O sol pintou a campanha de um crepúsculo amarelo
E o céu olhando de cima a beleza que lhe deu,
Achou graça deste feito, e sem entender direito
Assim permaneceu!

E de repente... Um rebuliço,
De cascos lá na coxilha,
E o campo que já cochila
Se alerta com o pedregulho...

É falação, é mugido...
É estalido de espora
Parece que está na hora
De repousar neste chão!
Não é ainda acampamento
Este entrevero do peão...!

O entrevero é de emoção
Que desperta em noite calada,
E a lua olhando sentada
Acalenta o alazão...!

Aos poucos tudo se ajeita
Como se fosse o galpão!

O quero-quero se alerta,
O boi muge no fundão...
E o tropeiro já cansado,
Pega o pelego suado,
Dá um grito às vezes com o gado
E se atira pelo chão...

E a trempe aceita fogosa
A fumaça do carvão!
E a panela do feijão recém botada no fogo,
Balançando suas penas, borbulha sua canção...!

E o fogo fica acordado... Dando luz a este instante,
E a lenha queima, ofegante, e a fumaça de mansinho
Vai afastar os bichinhos, que vendo novos vizinhos,
Vêm saudar seus visitantes!

E logo vêm as lembranças... De casa... De seus encantos...
E Deus postado nos cantos, ouve atento a oração:
Agradecendo o piazito, que brinca meio solito
Em rebuliço com o cão!
E dentro de si vagueia, tropeando essa solidão...
A prenda que passeia no compasso do coração!

Com rosto desfigurado, do seu lado... Vê o violão,
Mexe-se meio guasquiado, toma mais um chimarrão,
No seu pelego sentado, dedilha sua canção...!

É um momento de amor este tropeiro acampado,
Este prosear milongueado
Que vem com certa aspereza... E aí...
Aí... –Chega doer a beleza,
Ao se abraçar com a tristeza,
Olhando o fogo de chão...

E aos poucos... Tudo se ajeita,
Como se fosse o galpão!



TROPEADAS - Sérgio Guedes by guascaletras