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Montado a Cavalo

Montado a Cavalo
(Maria Ester Vidal)  Amadrinhador: Miguel Brasil

(Para Antonio Augusto Ferreira)

A campanha entristecida
Com um poente incomum,
Levantou-se estarrecida
Porque se ia mais um!
...Um que há pouco era tantos
E agora, de tantos... – Nenhum!

Um que falava de poço
Onde a alma em alvoroço
Veterana se acalmava...!
Falava também da morte
E pontuou a sua sorte
No tempo que se acabava!

Onomatopéias tristonhas
Ecoaram pelos ventos
Assustando pensamentos
Porque o ponto final... Exclamava!

Os rios que correm na pampa
Foram além das barrancas
Num pranto descomunal!

Também chorou o sabiá,
O quero-quero calou,
O pingo escaramuçou...
E a mata nativa não quis se expressar!
Olhava pra o céu
Balançando seus galhos
E morta em borralhos
Era o lume da ronda
Que o Rio Grande, por certo,
Não queria enfrentar!

A roda do mate,
Estendeu-se até tarde,
Elevou-se em verdades
Desta essência genuína
Que deixou sua sina
Num tropel de saudade!

Montou num cavalo
Que passava pra o céu...
Um rodeio de pronto
Se fez em escarcéu...!
Sacudimos os arreios,
Tentamos os freios...
Mas foi tal o sofrenaço
Que só com braços de aço
Pra segurar tal sovéu!

Evaporaram as rimas
Daquela alma de poço
Pra correr em nossos rostos
Cristalizadas de cismas,
De quem vendia o carisma
De viver com raça e gosto!

Por isto foste montado
No cavalo que passou...
Pois voltarás em mil poças,
Em cacimbas cristalinas
Hidratar as maçanilhas
Do pago que te gerou!



05 MONTADO A CAVALO by Maria Ester Vidal