(Maria Ester Vidal)
Amadrinhador: Miguel Brasil
Quando sentei no meu banco,
Enfumaçado do fogo,
Protegido com pelego,
Aqui no velho galpão...
Dei de mão na cuia quente,
Que descansava ao meu lado,
E dei de rédea no tempo,
Para absorver o passado...!
Fui longe!...
Não dá nem para dar detalhes
De onde meu zaino andou...
Mas sei o que eu sentia...
-Ah! Isto sim, me tem valia,
Pois me relata quem sou!
Meu peito frágil se esguia
Para ancorar estes símbolos,
Meus olhos olham o céu,
Procuram a estrela guia,
Pois sei que todos os dias,
Um gaúcho a cumprimenta!
Na amada vestimenta,
Tenho orgulho de ser forte!
De ter no lenço o suporte
Que identifica ancestrais;
De ter um chapéu tapeado,
E este perfil respeitado...;
De ter no olhar um legado,
Que se espalha como o vento
E me remete a contento,
Ao caminho aonde vou...!
A coxilha, que é verde,
Observa do alto,
O vermelho do sol
Se pondo na serra...!
E a macela amarela
Que enfeita este pago,
Completa as três cores
Levantadas na guerra!
E assim me enraízo
Na pampa que falo...!
Vou contemplando a paisagem
Que nem vejo do galpão,
Porque nem precisa visão
Para correr a cavalo Num campo onde eu me embalo
Quando sorvo um chimarrão!
São marcas que vão ficando
Neste percurso campeiro,
É a bomba roncando,
É o som do gaiteiro;
É peão, capataz, ao redor do braseiro...!
...São as marcas do sul,
Que o plantarem-se na gente,
Espalharam a semente:
-De ter cerne, ser amigo;
-De confrontar no que digo,
A lealdade ao parceiro!!!
MARCAS DO SUL - Sérgio Guedes by guascaletras