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Madrugadas De Agosto


Madrugadas De Agosto
(Severino Moreira, João Bosco Ayala)

“Imagens de um inverno brabo aos olhos de um guri acostumado a quebrar geada na sola do pé.”

Que geada velha lobuna
É de renguear a cuscada
De rachar teto de vaca
E amontoar a porcada
Criar natas de gelo
No espelho das aguadas.

Encorujar pinto guaxo,
Numa lampana de frio
Fazer o vento sumir
Sem deixar um assobiu
Levantar a bruma branca
Pelos caminhos do rio.

O mato dormir chorando
Alumiando o folharedo
Pelego branco estendido
Na extensão do varzedo
Que o piazito campeiro
Nem sente a ponta dos dedos.

Cobrir o pelo da quincha
E os flecos de picumã
Manojo de pasto seco,
Na sombra do tarumã
Emenda a geada de hoje
Noutra que vem amanhã.

São madrugadas de agosto
Neste pago estremecido,
A fome rondando tropas,
No pastiçal ressequido
Saudades de primavera,
De pasto e campo florido.