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ERRANTES

TÍTULO
ERRANTES
COMPOSITORES
LETRA
BETO BARROS
MÚSICA
CELSO BASTOS
INTÉRPRETE
IVO FRAGA
RITMO
TOADA
CD/LP
1ª MOENDA DA CANÇÃO
FESTIVAL
1ª MOENDA DA CANÇÃO
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES


ERRANTES
(Beto Barros, Celso Bastos)

Lá se vão plantadores campeiros
Eternos herdeiros do verbo migrar
Fazem picadas, sovam caminhos
Marcham sozinhos querem tentar

Retirantes errantes
Teatinos destinos
Vão regando com prantos
Os subúrbios latinos

Povoaram os campos bordados em trevo
Antes das cercas e invernadas
Sentaram ranchos que hoje taperas
Ressonam esperas de serem pousadas

E por vezes mesclando intentos
Se fazem ventos, tentam voar.
Acordam chorosos tristes ansiosos
A espera da noite pra poder sonhar.


O Tempo Das Pátrias Bêbadas


O Tempo Das Pátrias Bêbadas
(Jaime Vaz Brasil, Flávio Vaz Brasil)

Pelas esquinas um encontro súbito
Encontra logo um destino concreto.
Se vê nos muros um silêncio límpido
Gritar socorro por seu modo quieto.

E nos porões o batalhão dos sádicos
Repassa um filme de dez mil reprises,
Reinventando os artefatos sórdidos
Para que a dor melhor se realize.

Esporas negras sobre um lombo atônito
Marcam nas almas suas faces duras.
Quem mais enxerga nesse tempo áspero
Possui nos olhos uma venda escura.

Sobre o país cai a miséria crítica
E se derrama longe dos tiranos.
Vão pelo espaço pássaros metálicos
A vomitar rebeldes no oceano.

Dentro dos lares dessa gente esquálida
Televisores cegos-surdos-mudos
Mostram um mundo colorido e lépido,
Ganham dinheiro e força atrás do escudo.

E proliferam pelas pátrias bêbadas
Um turbilhão de mórbidas clausuras.
Quem mais enxerga nesse tempo bárbaro
Possui nos olhos uma venda escura.

Homens de pedra inventando pélagos
A espalhar sementes de vazio
Fazem canteiros das esperas túrbidas
Onde a verdade cresce por desvios.

Os ditadores com poderes mágicos
Criam sumiços num simples contato,
E das cartolas tiram coelhos cáusticos
Roendo o rosto do povo pacato.

Vai o espelho das espadas múltiplas
A refletir a sombra das torturas.
Quem mais enxerga nesse tempo ácido
Possui nos olhos uma venda escura.

Muitos viventes num estranho cálice
Bebendo lentos goles de agonia
Sorvem as normas no aço da lâmina
Que nas gargantas forjam afasias.

E nas paredes, por manobras gélidas,
Vão se calando vozes insurgentes.
Depois dos tiros desce um rubro cálido
Que uma elegia escreve mansamente.