Mostrando postagens com marcador Divagação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Divagação. Mostrar todas as postagens

Divagação

Divagação
(Maria Ester Vidal, Helio Augusto)

Um dia sentado num banco pequeno,
Olhando pequeno também o fogão,
Senti lá no fundo doer qualquer coisa
Que não tinha nem jeito de ser solidão!

Pois...As coisas que gosto estão todas aqui,
O mate, a chaleira, o campo tão vasto...
- Por que me desgasto com o que nunca mais vi?

O frio na vidraça embaça a planura que sempre tem fim
E o mate depura a mágoa, a lonjura...
E não varre teu rastro que é sempre tão vasto
Aqui dentro de mim!

Pois voas nas chamas da lenha que inflama,
Me tocas...Me amas...quase posso te ver.
E fico extasiado com este momento
Querendo deveras de ti esquecer!

E sonho acordado na frente do fogo...
Vivendo momentos há muito distantes,
Sorrio sozinho, e volto no instante
Em que a bomba ofegante na cuia roncou!

Pois tu me tocavas, sorrias...E, brincavas,
Igual mansa brisa que tempestuou...!
Voltei a recanto do banco em que estava...
Assim divagava e estava feliz!

Olhei ao redor, não mais te senti,
Tomei mais um mate, me encolhi no meu catre;
Enrodilhei a saudade,
E chorei...E morri!



DIVAGAÇÃO by Maria Ester Vidal