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Casas Velhas

Casas Velhas
(Marcelo D’Ávila, Caine Teixeira Garcia)

Há sempre acordes de valsa
Pairando nas casas velhas
E um misto de geada e estrela
Prateando o ruivo das telhas.

Nas fontes frias dos pátios
Os gatos matam a sede
E o tempo pinta suas cores
Na memória das paredes.

O vento toca violino
Pelas frestas das janelas
Para que bailem as cortinas
À pálida luz das velas.

Nos sótãos empoeirados
(Que essas casas sempre os têm)
Se escondem baús antigos
Cujos donos são ninguém.

Respiram, as casas velhas,
Com uma quietude de poço –
Fecham seus olhos cansados
E sonham seu tempo moço.

Nas floreiras desbotadas
Restam cinzas e miasmas
E o silêncio das varandas
Conta histórias de fantasmas.

A cristaleira da sala
Guarda o vazio das demoras
E o relógio dorminhoco
Marca sempre a mesma hora.

Intérprete: Jean Kirchoff