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Brinquedos


Brinquedos
(Dilamar Costenaro, Sidenei Almeida)

Quando parei de brincar de faz de conta,
Que me dei conta, já não era mais guri,
Não escuto os brinquedos me chamarem,
Mas em que mundo afinal eu me perdi?

Pra onde foi o meu trabuco de madeira?
O gado de osso se perdeu pelo capim,
As “bulitas” não trago mais na gibeira,
O trem de lata a ferrugem deu um fim.

Minha arapuca esqueci lá no capão,
No potreiro perdi meu laço de embira,
Meu cavalo puro sangue de taquara,
Foi embora levando as rédeas de tira.

Os brinquedos que eu brincava se extraviaram,
Pela vida que passou e eu nem vi,
Quando tento em vão achar, vejo que o tempo,
Levou embora os brinquedos e o guri.

Onde estão os meus brinquedos? -Me pergunto.
Viraram pó, feito a bola de carpim?
Se esconderam afinal, por trás dos cerros?
Ou quem sabe num lugar dentro de mim!

Minha carreta puxada a bois de sabugo,
Pela estrada foi sumindo de mansinho,
O meu cusco companheiro das caçadas,
Morreu junto com o mundo do piazinho.

E assim na ilusão dos meus brinquedos,
Eu brincava de ser homem na infância,
E na pressa de crescer eu perdi tempo,
Me fiz homem pra brincar de ser criança.