Andarilho
(Xirú Antunes, Luiz Marenco)
Abro a porteira e me aparto do campo verde estancieiro
Só pra estender meu baixeiro no capão dos corredores
Sou destes que os cantadores batizaram nas guitarras
No peito dum malacara vivo empurrando horizontes
Minha bíblia é um "Martin Fierro", sempre esbarro numa china
E a imagem que me domina é um parador de rodeio
Já tive um rancho senhores e tardes de primaveras
Onde eu lavava a erva sentindo o cheiro das flores
Sou ponto vivo e consciente na estância real das estradas
Vivo domando as mágoas de um passado inconveniente
Nas horas das rondas claras o pensamento é tordilho
Eu recorro cada estrela recostado no lombilho
Meus olhos horizontais pintam quadro em campo alheio
Cada porteira é um anseio pra um calmo desencilhar
Talvez um dia eu encontre um olhar destes morenos
Sem baldas e nem venenos, e aqui me ponha a cantar