O Mate de Quem se Vai
(José Lewis
Bicca, Pedro Julião Ayub, Rodrigo Bauer)
Era uma
vez um poeta
Os olhos
bons de profeta
Transcendiam
nhu-porãs
As mãos
de cerne e lonjuras
Cevavam
rimas maduras
Pro mate
dos amanhãs
Mateava
com o rio à frente
E o
pensamento presente
Afastava-se
com calma
Seu
olhar era uma pomba
Sorvendo
o rio pela bomba
Para os
remansos da alma
E assim
imerso no amargo
Viola de
canto largo
Se
vestiu de poesia
Sentado
ao fogo pensava
Mas de
repente voava
Nos
versos que lhe surgiam
O
costume se conserva
Embora
se troque a erva
Não se
perdem ideais
O mate
nunca é lavado
Pois se
descobre o passado
Nos
avios de quem se vai.
Tudo isso, ainda penso,
Neste fogo que eu incenso
Os olhos e o coração
E uma saudade perdida
Vai na lágrima fugida
Que cai no meu chimarrão.
Onde andará o barranqueiro,
Mateando luz no pesqueiro
De uma nuvem terna e branca
Que o pranto alegre que larga
É o sereno que embriaga
Nossas noites na barranca...
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