Campeiros
(André Oliveira, Marcelo Oliveira)
Olha a mangueira cavalo ecoa lá do potreiro
Vem se trompando matreiro sobre o charco do barral
Encostam encontros na forma roncando venta e virilha
Até que toda tropilha mete a cara no bucal
Graxa pingando na brasa, ronco de mate e cambona
E tilintar de choronas lavrando o chão do galpão
O movimento da encilha deixa a cuscada latindo
E eu adelgaço meu pingo no abraço do cinchão
Quatro galhos bem atados lá na grimpa do sabugo
Que eu sou de pecha refugo contra a estronca da porteira
Depois de bem estrivado sobre os esteios dos loros
Solto um silvido sonoro pra minha escolta ovelheira
“É em direção do rodeio que se laça terneiro novo
E eu não aprendi no povo esta ciência campeira
Ando sovando o cavalo, curtindo o couro do basto
Bolqueando o rastro de casco, benzendo peste e bicheira”
Saio ao tranquito pro campo assobiando uma toada
Mirando a estampa encarnada do horizonte fronteiro
A berbela com o coscorro duetam com maestria
Regendo uma sinfonia no aço branco do freio
Aparto a vaca com cria é um mandamento pampeiro
Que a precisão do campeiro ta no punho e na armada
Num pealo de sobre-lombo abro pra fora o picaço
E o terneiro tá no laço e a vaca com a cachorrada.
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