Aguaceiro
(Paulo
Ricardo Costa, Nilton Ferreira)
A
chuva guasqueada castigou o rancho a noite inteira,
Pingando
goteiras nas telhas quebradas que o tempo gastou,
O
sono perdido tomou outro rumo pela madrugada...
Na
erva lavada, amarga de um sonho, que se bandeou!
Nas
frestas respingam, lágrimas de chuva e aguaceiro...
E
lá no terreiro um galo, encharcado, traz vida pras casas,
A
manhã se espreguiça, cinzenta e vazia, clareando o oitão,
E o
angico chorão, borbulha sua ira, findando em brasas;
Neste
aguaceiro, que inunda os campos, pelas invernias...
Minha
alma vazia, alheia ao silêncio que se aquerenciou,
Reponta
ilusões, na ânsia incontida, que já fez morada...
Campeando
na estrada, um olhar perdido que se desgarrou
A
mangueira de pedra, inerte no tempo, num sono profundo,
Demonstra
que o mundo, se acaranchou em sua porteira,
As
vidas passadas, guapeiam lembranças pelo rancherio...
De
quem já partiu, deixando saudades para a vida inteira!
Um
poncho se abre, com asas de noite, goteando no chão,
E a
tal solidão, acarancha tristezas no peito da gente...
O
olhar se perde, no imenso vazio que a manhã reponta,
E
nem se dá conta, do quadro bonito pintando o nascente!
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