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Num Bolicho Da Linha Melódica

Num Bolicho Da Linha Melódica
(Mauro Moraes)

Milonga, teus olhos são a janela da alma
Onde faço o bem sem olhar a quem...
Onde quem planta e cria, todavia, dá os fins, dá os meios
Onde os meus dias sem idade, a campo,
Ainda esbarro riscando num corredor ladeado de arame
E o silêncio me assiste a quantas dormidas
Num bolicho da linha melódica, onde o saber não ocupa lugar...

No pátio onde nasci perguntam por mim
E a tarde onde anoiteço mateio por ti
Aos olhos do que pensamos e amamos à sombra
Um instante que retomamos aguando a cambona.
Na sanga dessas palavras a grama boiadeira
E as veias de algum poema, morena,
Nas veias de algum poema...
Na pampa verde estendida onde estive a teu lado,
O outro lado do dia, guria, o outro lado do dia...

Comigo as pencas, as carreiras,
O que somos do que se queria,
Contigo a cancha, o laço de chegada,
Esticado entre as melodias.
Não me enxergo entrando de bolada
Nas amagadas de ganhar parelha,
Nem me afeito a quem não tem cavalo
E se mete de paleta...

Abraça-me, milonga das casa
Abraça-me, milonga das garra
Abraça-me pra nunca mais olhar pra trás
O que passou, passou, passou,
E o que tenho escrito, o que tenho escrito,
Fica o dito pelo não dito, e vamo que vamo, no más...

Milonga eu te devolvo a lua minguante de um fim de inverno
Que se anuncia contido enquanto te ausentas
Eu te devolvo a dor de compor à sombra desta guitarra crioula
Acolherada em meus versos, onde pensar não é dar resposta...

Na sanga dessas palavras a grama boiadeira
E as veias de algum poema, morena,
Nas veias de algum poema...
Na pampa verde estendida onde estive a teu lado,
O outro lado do dia, guria, o outro lado do dia...

Abraça-me, milonga das casa
Abraça-me, milonga das garra
Abraça-me pra nunca mais olhar pra trás
O que passou, passou, passou,
E o que tenho escrito, o que tenho escrito,
Fica o dito pelo não dito, e vamo que vamo, no más...