De Tempo e Lida
(Alberto Ventura Neto)
Orvalho prateado, umedece o pasto
E branqueia a chapada de cerração
Berrou o terneiro da vaca do leite
Debaixo da quincha do velho galpão
A geada castiga e judia do gado
Secando o pasto, baixa a lotação
E o boi de marca, recém apartado
Campeia algum verde, dentro do capão
Aperto a cincha no clarear do dia
E ato a presilha do meu camperear
Se muda o tempo então muda o serviço
Mais o compromisso não pode esperar
Se chove mateio, ou lido com corda
Remendo cabresto ou algum travessão
E enquanto chove e enche os arroio
Alimento minha alma, ponteando um violão
Se chego nas casa é pra trocar cavalo
Dou folga ao sebruno e encilho a bragada
Tem vaca de cria e novilha amojada
Com sol ou garoa estou na invernada
A lida é eterna, só muda a tarefa
Fazendo a bóia, varrendo o galpão
Quebrar algum queixo e arrumar alambrado
Atender da estância, minha obrigação