Coração De Milonga
(Jaime Vaz Brasil, Pery Souza)
Enquanto o tempo desenhava
Teu rosto dentro do meu corpo,
Saudade em dó menor cantei mil vezes.
Falei de nós, um tanto triste
E um bandoneón chorou comigo:
Amor, quando é amor, não morre nunca.
E pra fugir de cada sombra
Da solidão, que erguia os olhos,
Me disfarçei na dor de um sustenido.
Amor, quem sabe um dia desses
No espelho da milonga eu veja
Teu beijo renascido num segundo.
Por ti, amor, cantei o mundo
Em noites longas que aprendia
A amar em sol maior
E tempestades...
Amar nas ruas, bares, campos
Amar em solos de guitarra.
Amar com toda voz
E em silêncio.
Amar como só poderia
Meu coração de milonga.
Quem sabe ler paixões humanas
Na vida, sempre tão estranha,
Se o amor as vezes fecha toda casa?
Andei por mares, vales, luas
Andei em pedras, muros, portos,
Amor, varei coxilhas do avesso.
E andei no rastro do teu nome
No meu cavalo de brinquedo
Colhendo a flor azul que me pedias.
Amor, quem sabe um dia desses
Na alma da milonga eu veja
A face calma e breve das respostas...
Por ti amor cantei o mundo
Em longas noites que aprendia
A amar em sol maior
E tempestades...
Amar nas ruas bares campos
Amar em solos de guitarra.
Amar com toda a voz
E em silêncio.
Amar como só poderia
Meu coração de milonga.