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Lua De Estio

Lua De Estio
(Jader Leal, Rafael Zinho, Cleiton Santos, Mateus Lampert)

A sede do tempo secou as cacimbas
E os olhos da sanga só choram um fio
O campo minguando sabe que a seca
Se agranda no outono na lua de estio

As invernadas perdendo o viço
Novilhas no milho que não pendoou
A graxa das tropas perdeu-se na busca
Da velha barragem que o tempo secou

Negaram-se as chuvas que o março trazia
E a terra sentida, negou-se também
A mão campeira perde a serventia
A espera da lua no quarto que vem

O balde de lata rompendo silêncios
Só bebe esperanças num poço vazio
A pipa retoma o ofício carreiro
Quebrando o vidro do espelho do rio

A seca se agranda... É lua de estio

No campo judiado, um quadro sem vida
Retrata a dor a que o céu nos condena
Olhares garoam em preces mudas
E sofrem com o campo a dor dessas penas

O sol vai sumindo fica o campo em brasa
Os homens e os bichos e estes rancherios,
Parecem chorar, sonhando vertentes
Ao olhar silente da lua de estio