Mostrando postagens com marcador Clave De Vento. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Clave De Vento. Mostrar todas as postagens

Clave De Vento


Clave De Vento
(Jaime Vaz Brasil, Adriano Sperandir)

Sair do poço é sangrar os dedos
Dos pés, da alma, dos veios e veias
Deixar-se preso, mergulhar no espelho
Nadar na insônia das secas e cheias

Abrir o novo é rasgar as águas
Sem barco ou leme
Sem ter porto ou cais
É voar sozinho em clave de vento
Gritar nos olhos cada nunca mais

Ver-se por dentro é morder a entranha
Do que é estranho, do que não se explica
Cravar as garras no próprio destino
No desatino de quem parte ou fica

Viver a vida é dançar no abismo
Sem ter cordames na raiz do medo
É ter a alma solta
E nas algemas morrer bem tarde
Mesmo sendo cedo

Abrir o tempo é rever lembranças
Do que em pequeno era dor e espanto
Viver a pleno cada desespero
Mesmo sem colo para o acalanto

Saber da vida é pensar vivendo
O que sabemos pouco nos demora
Contar segundos é sempre um a menos
Por mais que o tempo estale nas esporas

Abrir os olhos é rever retratos
Gastar as unhas contra a ventania
Até o quando de abraçar a hora
Que engole a sombra
E adormece o dia