Campereando
(Mauro Moraes)
Na charla dos milongueiros
Contraponteando o silêncio
Eu sempre digo o que penso
Quando o violão me golpeia
E me garanto por terra
Cantando coisas do campo
Sem molestar o quebranto
Dum bordoneio queixoso
Daqueles do olhar lacrimoso
Quando voltamos pra dentro...
Campereando vou, campereando, vou
Vou eu a cavalo, encurtando o pago, campeador!
Guardo nas léguas dos olhos
Remorsos nunca esquecidos
Um catre "bueno" curtido
Pros dias que não enfreno
Tropilhas do mesmo pelo
Parceiras das invernadas
Quando amadrinho quarteadas
No pampa do meu Estado
E um coração solidário
Velando à luz dos luzeiros...
Campereando vou, campereando, vou
Vou eu a cavalo, encurtando o pago, campeador!
Sabe comadre milonga
Fulana nem sei das “quanta”
Sempre que um sonho se planta
Tenho com quem conversar
Ando de laço atorado
Marcado pelo meu jeito
Quando a dor abre o peito
E o vento nada responde
Talvez buscando horizontes
Eu mude a cara do tempo...
Campereando vou, campereando, vou
Vou eu a cavalo, encurtando o pago, campeador!