Bandeira do Rio
Grande
(Elton Saldanha, Anomar Danúbio Vieira)
Como quem reza pra um santo
Na devoção campo afora
Apresilho a minha coragem
Com a correia das espora
São Pedro que guarde os louco
Por que hoje eu meto uma tora
Faltam dez prá daqui a pouco
E o baile começa agora
Veiaca que esconde o toso
Batendo garra comigo
Mostro a marca da querência
Que eu sou do Rio Grande antigo
Eu não refugo bolada
Porque eu gosto do perigo
Tu vai entrar nesse baile
Porque eu vou dançar contigo
Meio bicho, meio gente
É minha alma e é meu sangue
Eu hoje vou me tapá
Com a bandeira do Rio Grande
Nasci nas covas de touro
Templado a fogo e a frio
Criado a trevo e babosa
E acostumado a Mil- mil
De fronteiro um verso potro
Do tipo meio arredio
Sou eu, o pingo e o cusco
Pode anunciá o nosso trio
Campeando a toca dos “zóio”
Sacudo meu doze braças
Que tem um guizo na argola
Quando a gente faz chalaça
Quando cerra nos "cabido"
De algum brazino fumaça
Livro as orelhas e me estrivo
Na tradição da minha raça
Meio bicho, meio gente
É minha alma e é meu sangue
Eu hoje vou me tapá
Com a bandeira do Rio Grande
Tem que ser doce de boca
O pingo pros meus arreio
Que venha pedindo rédea
Mascando o coscós do freio
Ligeiro na lida bruta
E faceiro num pacholeio
Valente e solto de pata
Pra apartar boi nos rodeio
Numa pendenga a cavalo
Morro queimando cartucho
Tirar zebu do banhado
Pra mim é um troço de luxo
Bem no garrão do Brasil
Vou aguentando o repuxo
Com a bandeira do Rio Grande
Bem no estilo gaúcho
Meio bicho, meio gente
É minha alma e é meu sangue
Eu hoje vou me tapá
Com a bandeira do Rio Grande