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A Sanga do Pedro Lira

A Sanga do Pedro Lira
(Demétrio Xavier, Marco Aurélio Vasconcellos)


Tem coisas que sempre são
Tem coisas que ninguém tira
Sempre haverá cerração
Na sanga do Pedro Lira
Não importa se é verão
Tanto faz se o vento vira
Passarás com cerração
A sanga do Pedro Lira

Pode a lei virar mentira
Pode o sim tornar-se não
E a sanga do Pedro Lira
Inda terá cerração
Se um homem de razão
Provar que a Terra não gira
Não negará a cerração
Da sanga do Pedro Lira

Pode ir-se embora a traíra
Pode morrer o chorão
Na sanga do Pedro Lira
Ficará a cerração
Há quem tema assombração
Tem quem já viu curupira
Eu creio na cerração
Da sanga do Pedro Lira

Vi o mundo numa pira
Ardendo num vermelhão
E a sanga do Pedro Lira
Tapada de cerração
Nada mais causa impressão
Nada a ninguém admira
Nada ergue a cerração
Da sanga do Pedro Lira

Eterna corre a paixão
Sob a fumaça da ira
Igualzinha à cerração
E a sanga do Pedro Lira
Tem coisas que sempre são
Tem coisas que ninguém tira
Sempre haverá cerração
Na sanga do Pedro Lira