A Pedra Da Boleadeira
(Gujo Teixeira, Mauro Moraes)
Era pedra, e seguiu pedra, era mato
E virou lenha, era tropa
E se foi embora num grito de venha venha
A pedra da boleadeira era do campo e da terra
Ganhou as asas do céu pra ser palavra de guerra
Quando era pedra redonda, moradora deste chão
De certo já derrubava por conta de um tropicão
Era pedra, e seguiu pedra, era mato
E virou lenha, era tropa
E se foi embora num grito de venha venha
Depois foi feita redonda, eterna em ciclos de lua
Paciência por precisão nas mãos de um índio charrua
Eram só pedras de campo, cansadas de andar à toa
Até que um dia alguém disse: Ah! Será que pedra não voa?
Era pedra, e seguiu pedra, era mato
E virou lenha, era tropa
E se foi embora num grito de venha venha
Ganhou parceiras pra guerra e tentos pra irem ao céu
Uma firme e duas soltas, rodando sobre o chapéu
Voava de rumo e vento fazendo um “zum” pelo rastro
Quando pegava era um tombo, quando cruzava era pasto
Era pedra, e seguiu pedra, era mato
E virou lenha, era tropa
E se foi embora num grito de venha venha
Pra bolear potros velhacos bem antes dos alambrados
A pedra da boleadeira tem ressábios do passado
Hoje em dia nem se enxerga Três Marias pelos céus
Se foi o tempo dos tombos, das potreadas e mundéus
Era pedra, e seguiu pedra, era mato
E virou lenha, era tropa
E se foi embora num grito de venha venha
Mas sei que ainda destino na pedra, na boleadeira
Que quando tem rumo certo é muito mais que certeira
Mas sei que hay um rumo certo na pedra, na boleadeira
Que quando tem rumo certo é muito mais que certeira
Era pedra, e seguiu pedra, era mato
E virou lenha, era tropa
E se foi embora num grito de venha venha