De Estrela A Estrela
(Edilberto Teixeira, César Oliveira)
Quando a boieira linda aponta
De manhã no alto da telha
Pai-de-fogo acende a ponta
Com as faíscas dessa estrela
Seu clarão acorda os galos
Chia o bico da chaleira
Une os bois, toca os cavalos
Bota as vacas na mangueira
Na garupa traz a aurora
E as cantigas pra o terreiro
Lá no cerro imita a espora
No garrão do peão campeiro
Sempre a boieira traz o dia
Meia légua antes do sol
E à tardinha é a estrela guia
Que anuncia o arrebol
Relógio do campo
Ela acorda o peão
E o galo abre o canto
Ao enxergar seu clarão
Relógio do campo
Alumia o galpão
E lá no imenso vazio
Ela acende o pavio
Pra dizer que horas são
Quando o sol ébrio de sombras
Lá se vai manco do encontro
Dita Vênus, sai das lombas
Ver se o mate já está pronto
Mesma estrela vespertina
Vai com os bois beber na sanga
Lambe o sal dentro da tina
E vem dormir junto da canga
Com esta boieira viajada
O João-do-Campo se assemelha
Porque sempre a sua jornada
Vai de uma estrela a outra estrela
Madrugada e arrebol
Marcam assim a lida campeira
Muito mais que sol a sol
Vai da boieira a outra boieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário