(Maria Ester Vidal) Amadrinhador:
Miguel Brasil
Num sonho de estância...Que acorda em silêncio
Botei um Crescêncio a chimarrear no galpão;
Ele olhando a planura da terra querida,
Chimarreou a minha vida e me deu dimensão!
Escorreguei pelos pampas como um córrego puro
Que hidrata esta terra para o trigo florir,
Quis cantar o Rio Grande do passado e futuro,
Quis nascer para um povo que precisa sorrir!
O barulho da água me trazia conforto
Porque eu era somente a semente plantada,
Eu sabia que alguém desejava este encontro,
E então me entreguei sem medo de nada...!
Esperneei sem descanso no peito maduro;
Desenhei minha vida na mente serena;
Acompanhei nas manhãs o Crescêncio seguro,
Moldando minha vida na cuia pequena...!
Sentia-me forte pulsando nas veias
Dos braços que abraçavam as causas sensíveis,
Não era impossível a que sonhos semeia
Topar a parada...E colocar-me no mundo para dar volta e meia
E Crescêncio em silêncio nas lindas manhãs
Em que o vento assoviava no velho galpão,
Trocava de erva...Ouvia a chaleira...
...E a essência campeira ganhava mão!
Na água do mate eu tocava em raízes
Que tinham matizes de seus ancestrais...
Imaginava-me ele, quando olhava a janela,
Que eu entrando por ela, faria dos lares, nativos lugares
Para cantar o Rio Grande num canto de iguais!
Crescêncio me ouviu como um pai ouve a um filho...
Deu-me quincha e lombilho para acalmar meus temores;
Escutei suas falas que me mostravam o trilho,
Pois sabia que eu vinha para perpetuar seus valores...!
Enfim...Despertei num dia de abril!
O céu era anil e o outono chegava;
O vento embalava meu vôo primeiro
E num verso trigueiro esta história iniciava!
Entrei nas janelas e em ouvidos campeiros
Que entendem a essência da boa canção;
Abriram as portas, me deram as tramelas...
Fui sentando na sala para tomar chimarrão!
Hoje sou a Nativa repontando emoções!
Sou a alma cativa de um povo guerreiro
Que planta o Rio Grande onde quer que se vá!
Sou um laço de estrelas, seguindo a boeira,
E sempre lindeira com o mundo a cantar!
- Obrigado Crescêncio!!!! Por aquele silêncio pós sonho de
estância!!
No furor desta ânsia me fizeste ecoar!
Hoje sou a calhandra que atravessa oceanos,
Uma prenda que chega aos seus dezoito anos,
E que com seu povo esta data brindar!!!
NATIVA 18 ANOS - Maria Ester Vidal by guascaletras
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