Estância
Velha Sou Eu
(Guilherme
Collares, Zulmar Benitez)
Estância velha, sou
eu
Que sinto, que penso
e canto
Ofereço este
acalanto
Ao que foste e que
resiste
Ao progresso duro e
triste
Que ameaça teu
valor
Dor, angústia e
dissabor
Que a despatriar nos
insiste
Estância velha, sou
eu
Que sinto, que penso
e sonho
Como um Angüera
tristonho
Pelos ermos campos
vastos
Com saudade dos
meus bastos
Sanga, grotões e
peraus
São tropas cruzando
o vau
Do rio desses tempos
gastos.
Estância velha, sou
eu
Que sinto, que penso
e sei
És o legado que
herdei
Dos sonhos dos meus
antigos
Testamento proferido
Timbrado a pó de
mangueira
Inventário de
fronteira
Dos meus terrunhos
sentidos
Estância velha, sou
eu
Que sinto que penso
e faço
Sou o derradeiro
lanssaço
Da resistência em
defesa
Da cultura e da
nobreza
De não suportar teu
fim
Que não quer que
seja assim
A roubarem-te a
beleza
Estância velha, sou
eu
Que sinto, que
penso e falo
Sou centauro de à
cavalo
A render-te este
lamento
A nombrar-te aos
quatro ventos
Como Gaúcho sem
dono
Testemunha do
abandono
Dos teus últimos
intentos
Estância velha, sou
eu
Que sinto, que penso
e sei
És o legado que
herdei
Dos sonhos dos meus
antigos
Testamento proferido
Timbrado a pó de
mangueira
Inventário de
fronteira
Dos meus terrunhos
sentidos
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