De Vida E Querência
(Dalvan Medina, Ita Cunha)
Um palanque de forquilha
Entonado se eterniza,
Escorador de tropilhas
Honra o chão de onde pisa.
Uma costa grande de mato
É sombra para os mormaços,
E algum novilho retaco
Se encontra fácil pra o laço.
Já na porteira da frente
Cinamomos emolduram,
O passado e o presente
Na tela viva figuram.
As pedras levam a caminho
Do rancho de alma pura,
Nunca se encontra sozinho
E o mate a volta procura.
Um lugar de paz e esperança
Nascente de poesia,
Por tudo que a vista alcança
Se tem o ganho todo o dia.
Pois neste rincão de essência
Onde a alegria se expande,
Uni-se vida e querência
Cá no garrão do Rio Grande.
Vertente de água boa
Se acha as margens da sanga,
E pro ofício da lavoura
A bois de lei pra canga.
Pra alguma lida de campo
Pingos mouros e rosilhos,
Fletes de fibra e encanto
Debaixo de um lombilho.
'Nos fim' de tarde ressoa
Aves numa só linguagem,
E nos pés das três lagoas
Garças enfeitam a paisagem.
O Cerro abriga romances
Que o pôr-do-sol concebeu,
E a lua empeça relances
Tal como aceno de Deus.
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