Coplas de Terra Morena
(Gujo Teixeira, Xirú Antunes, Gustavo
Teixeira)
Enquanto a terra morena
florescer sonhos e cardos
E as tranças forem o rumo dos
buçais bem reforçados,
Pra escorarem os tirões dos
baguais de primavera
Então serei um dos poucos a
não me tornar tapera.
Donde provém meu sustento é donde
o baio relincha
E o vento que venta norte
toreia o capim da quincha
Eu sei meu mundo é pequeno,
vai pouco além da invernada
Mas sei que tem muito mundo
pra onde segue esta estrada.
O mundo que segue a estrada eu
muito pouco conheço
Mas sei dos que aqui voltaram
que é um mundo do avesso
Onde os sonhos valem pouco e a
alma dos campeiros
São escravas dos fantasmas que
lhe apartaram do arreio.
E enquanto eu tiver meu baio e
a força sustenta o braço
De certo não passo fome, como
com a boca do laço
Pois quando se abre no céu
armada depois rodilha
Meu mundo fica por conta só do
botão da presilha.
Sou campo, terra e bem mais do
que eu possa desejar
E um dia a terra morena vem
por certo nos cobrar
Então serei só recuerdos
povoando sonhos e fatos
E um semblante gaúcho na
palidez dos retratos.
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