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A FLOR DO LIXO

 

TÍTULO

A FLOR DO LIXO

COMPOSITORES

LETRA

VOLMIR COELHO

MÚSICA

VOLMIR COELHO

INTÉRPRETE

VOLMIR COELHO

RITMO

CD/LP

17ª ESCARAMUÇA DA CANÇÃO GAUDÉRIA

FESTIVAL

17ª ESCARAMUÇA DA CANÇÃO GAUDÉRIA

MÚSICOS

 

PREMIAÇÃO

 


A FLOR DO LIXO
(Volmir Coelho)

Lixo é o que trazes na alma ao não ver teu irmão que luta pra viver
Lixo alguns tem na palavra, prometendo luxo a quem sonha ter
Será que tua alma é branca mais clara que a de um catador
Que tira do lixo o sustento e sustenta a palavra por ser trabalhador

Lixeiro por ser da favela que foge da cela, da perseguição
Muitos buscam no resto do povo e se vestem de corvo pra ganhar o seu pão
A fome que tens me alimenta é a que me sustenta pra sobreviver
A fome que eu tenho é outra em não ver tua boca do lixo comer

Onde há limpeza, há claridade
E onde há lixo pelo chão
O ar perde o aroma, o amor perde a razão
A flor fica sem perfume, a raiz morre no chão

Quinchador

Quinchador
(Gilberto Trindade, Volmir Coelho)

Com o fio do aço separa o santo capim das touceiras,
Pra forjar mais uma quincha, no coração da fronteira.
Passa a foice Quinchador, que os feixes vão se atilhando,
Tem goteiras no galpão e o inverno vem galopando.

Mais um dia de empreitada pelo chircal dos varzedos,
Lidando com o Santafé e ardidos talhos nos dedos.
Na estância o patrão espera, pelas mãos do Quinchador
Que empresta o suor da labuta, pra terra regar sua flor.

Cimbrando o braço e a foice separa os sonhos da lida,
Com preces pra o capim santo, saciar suas ansias de vida,
Porque empenhou primaveras nos desvarios das riquezas,
Sem quinchar o próprio rancho, pra não faltar pão na mesa.

Traz pra perto o arrastão, que a noite vem de carancho,
São mais uns pilas no bolso e cara alegre em seu rancho,
Acorda junto com os galos, pois catre não paga a canha,
E o patrão por satisfeito é mais um amigo que ganha!

Com o ponteador de taquara, prende esperança ao capim,
Trançando orações no arame, pra o oficio nunca ter fim,
Pois de galpão em galpão, na benção de suas cumeeiras,
Criou seus filhos e calos, com a mesma templa campeira.


Intérprete: Volmir Coelho

Negro Tronqueira

Negro Tronqueira
(Severino Moreira, Cristiano Viégas Medeiros, Volmir Coelho)

Rancho barreado, negro velho
Um perro por companheiro
Um radiozito caturritiando
Os versos de um pulpero.

É uma imagem de campo
Que o tempo não apagou
Que tantos olhos viram
E a alma triste gravou.

Mãe preta na janela
Como a espera do retrato
E alguém beba a saudade
Na consistência do fato.

La dentro o fogo manso,
Feijão preto galopeando,
Se a alforria não chegou,
O retrato fica mostrando.

Será um João Barreiro,
Que fez rancho para si
Ou será algum “Chopin”
Que o acaso botou ali.

Na pele a cor do barro,
Que sustenta o “cupiar”,
No garrão, raiz de salso,
Entranhado no lugar.

É a estampa do Rio Grande
Pelos grilhões do passado,
Que prendem numa grota
A ilusão dos alforriados...

Indefinido porém
O rancho e a sua gente,
Na arte feita do barro
E a pobreza do vivente.


Intérprete: Volmir Coelho

Quando Um Mate Traz Saudades

Quando Um Mate Traz Saudades
(Gilberto Trindade, Volmir Coelho)

Há muito trago guardadas, imagens vivas no peito,
Que destravam sentimentos quando mateio saudades,
Me levando tempo afora, por emotivas lembranças,
Onde deixei minha infância brincando na mocidade.

Tem tanta coisa bonita nesses rincões que visito
Que a cada gole sorvido, solto um sonho da prisão,
Revendo ternos olhares entre agruras e alegrias,
Quando eu passo pelos dias, das proseadas no galpão.

Precisa luz da ciência para explicar o que habita,
Nas imagens escondidas dos rincões de todos nós,
Que furtivas vem a tona, pelos remansos da alma,
Quando nossas horas calmas, fazem lembrar dos avós!

Neste mundo onde me encontro com diletos corações,
Tem conflitos e ilusões, mas também muito carinho,
Com ancestrais reunidos mateando nas madrugadas,
De uma fraterna morada onde o amor tinha seu ninho.

Tem o calor dos abraços, nessas imagens que trago,
Algum tombo mais amargo e sonhos vagando ao léu,
E um gosto de benquerença, nos gestos pulsando a vida,
De velhas mãos estendidas, qual escadas para o céu.


Intérprete: Volmir Coelho

Da Porteira Pra Dentro

Da Porteira Pra Dentro
(Severino Moreira, Cristiano Medeiros, Volmir Coelho)

Meu coração um aporreado
“Meio tocado pelo vento”,
E quando lembra da linda,
“Patrona” do pensamento,
Que quando bati na marca
Ficou da porteira pra dentro.

Não quero cantar tristezas
Nem recordar a partida,
Tua imagem ainda persiste,
E a saudade me convida
Pois da porteira pra dentro
Que palanqueei minha vida.

Meu coração é a porteira.
Tem dentro um bem querer...
Um semblante terno de amor,
Vertente de paz e saber,
Sangra quando me aparto
Se abre quando te vê,

Estrada longa esta
Que me leva de roldão
A porteira entre aberta,
Por onde verte a canção
E bebe o sal da lagrima
Que te sangra o coração...

E ao trote deste sonho,
Que sabe onde ela está,
Tenho ânsias de carinho.
E essa gana de voltar,
Levando o calor do teu abraço,
Pois o coração já está lá.


O Vai E Vem Do Verso

O Vai E Vem Do Verso
(Gilberto Trindade, Volmir Coelho)

Meu verso vem dos escampos
Rangindo basto e carona
Pra se benzer no galpão
Com o chiado da cambona
Vem da grota onde o cardeal
Por cantor afina o canto
Saudando a luz das estrelas
Que a noite tece no manto
Vive agarrado na quincha
Junto ao breu do picumã
E canta nas madrugadas
Pra acordar o sol da manhã

Não empresto esse meu verso
Pois ele e tudo que tenho
Vivo dele e ele de mim
Toureando os mesmos anseios
E só pra quem sabe escutar
A gente salta do arreio

Meu verso vem rédea solta
Qual o cantar das cigarras
Pampa adentro e tempo afora
Nas notas da minha guitarra
Vem das páginas da história
Na sombra do meu cavalo
Cantando as dores e amores
Do coração do meu pago
E se um dia perder o entono
Pras garras da evolução
Eu boto a alma na estrada
Pra campear outra missão


Lá Pro Quinto Distrito

Lá Pro Quinto Distrito
(Volmir Coelho)

Abri meus olhos pra dentro
Montado no pensamento
Cheguei na velha cancela
Que pro ranchito me leva
De onde eu vim já faz um tempo

Beirando a sanga onde um dia
Matei a sede do pingo
Das minhas pilchas de domingo
Faceiro pras carreiradas

A minha alma brilhava
Mais que as rosetas da espora
O tempo me trouxe embora
E a saudade me retorna

Rodeado de paraísos
O velho rancho descansa
Contempla o vento e a dança
Das folhas das laranjeiras

Que adoçava as brincadeiras
Da gurizada sadia
Mate gordo ao fim do dia
Saudades pra vida inteira

Da vizinhança que ainda
Não mudaram e resistem
Os que hoje não existem
Deixaram lá sua semente

O campo é a alma da gente
Não morre nem se termina
Cada um tem sua sina
Somos passado e presente

Rodeado de paraísos
O velho rancho descansa
Contempla o vento e a dança
Das folhas das laranjeiras

Que adoçava as brincadeiras
Da gurizada sadia
Mate gordo ao fim do dia
Saudades pra vida inteira

Abri meus olhos pra dentro
Montado no pensamento


Semaneiro


Semaneiro
(Volmir Coelho)

Esta semana inteira
Me tocou a recolhida
Vem da invernada do posto
Zaina, gateada e tordilha
E uma tostada gaviona
De trompá e cruzá por riba

Depois de ta na mangueira
Meu povo vai se servindo
Entre assovios e risadas
Que quadro que eu acho lindo
Som de casco e de esporas
E os ovelheiros latindo

Esta semana inteira
Me tocou a recolhida
Por ter nascido no campo
Eu canto as coisas da lida
Que aprendi a respeitar
Desde guri já taludo
Campo mangueira e galpão
Este pra mim é meu mundo

Depois que todos encilham
Dá as ordens o capataz
Tem que juntá um rodeio
Das faiada pra dozar
E fazê uma reculuta
De uma que ficou pra trás

E assim vai passando o dia
Vem outro, outra missão
Repassar o rebanho inteiro
Cuidando da produção
Muda nova na mangueira
Só não muda a situação

Bibiana

Bibiana
(Volmir Coelho)

Do céu caiu uma estrela pequenina na minha mão,
Veio iluminar a estrada que chega até meu coração
Outra estrela tão bonita que Deus maior me ofertou
Com brilho de um vaga-lume esta canção eu te dou,

Bibiana, Bibiana, Bibiana, coração
Esta flor tão pequenina esta estrela me conduz
Enfeita o jardim do meu rancho, me faz feliz com tua luz

Que não me falte nunca forças nem se apague meu olhar
Tua estrada será longa e nela eu sempre quero andar
Que os espinhos que te cercam não firam tua beleza
Até mesmo a flor da tuna inveja tua beleza.

Loco de Mau


Loco de Mau
(Volmir Coelho)

Mau, eu não sou mau
Só quando eu vou na mangueira
Levo um pedaço de pau

Não, eu não sou mau (capaz)
Nunca fui mau
Só quando eu vou na mangueira
Levo um pedaço de pau

Quando eu entro na mangueira
E no portão taco o ferrolho
E se a eguada não forma
Saco a bolita do olho a pau

Eu não sou mau
Nunca fui mau
Só quando eu vou na mangueira
Levo um pedaço de pau

Passo a mão nos meus caco
Encilho pra campereá
Junto as argola da cincha
Faço o bucho se atorá
Vá que encontre alguma flaca
No banhado pra arrasta a pau

Eu não sou mau
Não, eu não sou mau
Só quando eu vou na mangueira
Levo um pedaço de pau

Cada cachorro que tenho
Tem as costela forrada
Passam correndo avestruz
E lidando com as abichada

Não, eu não sou mau
Nunca fui mau
Só quando eu vou na mangueira
Levo um pedaço de pau

Não vão pensa que eu sou mau
É que eu so estabanado
E de tanto rodá nas terra
Tenho o corpo esgualepado
È que existe muito diabo
De anjinho desfarçado

Não, eu não sou mau
Nunca fui mal
Só quando eu vou na mangueira
Levo um pedaço de pau
Não, eu não sou mau
Só quando eu vou na mangueira
Levo um pedaço de pau

Não vão pensa que eu sou mau
É que eu so estabanado
E de tanto rodá nas terra
Tenho o corpo esgualepado
È que existe muito diabo
De anjinho disfarçado

Não, eu não sou mau
Nunca fui mal
Só quando eu vou na mangueira
Levo um pedaço de pau

Eu não sou mal
Nunca fui mau

Quando O Rio Grande Corre Pelas Veias


Quando O Rio Grande Corre Pelas Veias
(Marcelo D´Ávila, Robson Garcia)

Nalgum fundo de campo da fronteira
Um índio bem montado mira ao longe
E a pampa inteira cabe nos seus olhos
Repletos de coxilhas e horizontes.

Há muito de querência neste homem,
Há séculos de história escrita em versos
E a herança da Campanha se reflete
Na simples amplitude de seus gestos.

A singeleza de cevar um mate
E alçar a perna pra espiar estrelas
É a liturgia do ritual campeiro
Quando o Rio Grande corre pelas veias.

Nalgum fundo de campo da fronteira
Com a proteção sagrada do chapéu
Um índio afina as cordas da guitarra
Olhando a pampa comungar com o céu.

Sou eu o homem que bombeia ao longe
Repleto de coxilhas e distâncias;
O campo é minha razão, é minha essência,
Porque eu sou eu e minhas circunstâncias.

Tropa Morta


Tropa Morta
(Volmir Coelho, João Bosco Ayala, Everson Maré)

Segue o corpo desta tropa
Findando a vida na estrada
O berro é o triste lamento
Indo ao fim da jornada
Peão e tropa um só destino
Findar no sal das charqueadas

Na ponta a “morte” chamando
Por conhecer o caminho
Num grito de venha...venha...
Pra o corpo que aos pouquinhos
A cada marcha encurta a vida aqui na culatra
Seguindo o rastro vai indo

Tropa morta pelo tempo
Conduzida ao matador
Somos iguais nesta estrada
Que o tempo fará o fiador...

Ficara somente o rastro
Desta tropa que passou
Até mesmo um mal costeado
Que duma ronda furou
Venho na “corda” berrando...
...e berrando se “quedou”.

Tropa morta no caminho
Segue lenta ao destino
Sem saber pra onde vai
Tropeiro e tropa um só rumo
De ir sem voltar jamais...

Cantiga Para Um Novo Mundo


Cantiga Para Um Novo Mundo
(Adair de Freitas)

Quem não tem rumo se achegue,
Que eu tenho rumo pra nós,
Na velha estrada do canto
Por onde anda minha voz.

Meu verso fez um caminho
Sem grilhões e sem amarras
E se por vezes se prende
É nas cordas da guitarra

E se por vezes se prende
É nas cordas da guitarra

Quem muda os rumos do canto
Não vai a lugar nenhum
Que a cruz do canto verdade
É peso demais pra um.

Vamos cantar companheiro
Que o campo é um facho de luz
E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

Quem canta o pago nativo
Para os irmãos do universo
É uma trincheira de guerra
Armado de canto e verso.

Sorve outro mate, parceiro,
Da seiva bugra pagã
Que há um oh de casa chegando
Na luz da nova manhã.

Que há um oh de casa chegando
Na luz da nova manhã.

Quem muda os rumos do canto
Não vai a lugar nenhum
Que a cruz do canto verdade
É peso demais pra um.

Vamos cantar companheiro
Que o campo é um facho de luz
E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz...