Uma Prosa De Pai Amigo
(Dionísio
Costa, Pedro Neves)
Chegou a hora
meus filhos, da gente usar de franqueza
Deixar de lado
a aspereza dessa nossa convivência
E se emponchar
de paciência para uma prosa de amigo
Sei que me
acham antigo, porém isso não me abala
Porque o bom
Deus nos iguala e o sangue nos emparelha
E quando um
pai aconselha, é o sentimento que fala
Para falar com
os meus eu não preciso rodeio
Em precisa
larga não creio, por isso sou curto e grosso
Eu tambem já
fui um moço, rebelde com os meus pais
Mas não me
esqueço jamais quantas vezes eu chorei
Frente aos
tombos que levei e concluí, vida afora
Perdidas foram
as horas em que não lhes escutei
Não quero que
vocês passem por tudo que eu já passei
O mundo é
outro, bem sei, mas uma coisa não muda
Quem tem um
pai que lhe ajuda tem mais cancha pela frente
Não se torna
um indigente, encara a perda sem medo
E aprende,
ainda bem cedo, curando as próprias mazelas
Que a vida não
é novela, nem o mundo é de brinquedo
Eu não tenho a
pretenção que sejam o meu retrato
Eu sei que, às
vezes, sou chato e não sou dono da verdade
Porém, a
realidade de um pai que tem muito amor
Me obriga a
ser portator de atos que não convêm
E embora eu
sofra também, não dá pra ficar calado
Assistindo um
passo errado de quem a gente quer bem
Muitos pais
que eu conheço se esquecem do compromisso
Com seus
filhos são omissos e depois, depois sofrem na desgraça
De ver virar
em fumaça o futuro imaginado
Mesmo que eu
seja quadrado, escutem tudo que eu digo
Que, além de
pai, sou um amigo, tenho experiência de vida
E, nas ganhas
e perdidas, vocês podem contar comigo
Por fim,
espero que sejam filhos, amigos de fato
Que este pai
antigoe chato só quer o bem de vocês
E se é pouco o
que já fez, foi sempre de coração
Não esqueçam
que a razão é o que derruba os espertos
E podem ficar
certos, se estiverem precisando
O
pai estará esperando, sempre de braços abertos