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Mostrando postagens com marcador Tulio Urach. Mostrar todas as postagens
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Água no Fogão


Água no Fogão
(Carlos Omar Villella Gomes, Túlio Urach, Érlon Péricles)

Toda manhã eu me levanto cedo,
Vou lavando a cara, água no fogão
Boto o rádio numa FM
Dessas que se perdem por um milongão
Lá vem o Jayme declamando uns versos
Se eu tava disperso, já não to mais não

Um Guarany vem me contar segredos
E eu percebo as coisas que tenho na mão
Eu sinto em mim uma Felicidade
Que só Lupicínio pôde descrever
Veio do campo, ganhou a cidade
E eu sei que me invade meio sem querer

Quero domingo uma guerra santa
Pra incendiar o "Porto", que vai ter GRENAL
Enquanto isso nos fundões do estado
A plateia vibra "n’algum" festival

Rica essa terra que vem qual enchente
Carregando a gente pra tanto lugar
Olha dois "loco" tangueando tragédias
Nos mostrando a Sbórnia que hay no seu cantar
Coisa mais linda ter um Silva Rillo
Pra rodar seu canto por todo Brasil
Fazendo rima com essa força "loca"
Que verte da boca dos irmãos Ramil

Vi como o mundo fica diferente
Quando a alma sente o cantar da Elis
Vi como o Oscar quase achou seu trilho
Rumando pra serra do sul do País

Água ferveu, vou esquentar de novo
Mas vi que este povo tem amor ao chão
E eu sigo ao tranco dessa FM
Que quase se espreme n’outro milongão!

Toda manhã eu me levanto cedo
Toda manhã eu vou lavando a cara
Toda manhã, Água no Fogão!!!

Outra Campereada

Outra Campereada
(Pirisca Grecco, Túlio Urach)

Manhã de junho no interior do estado
Cambona fria e nem sinal das brasas
O minuano que rengueia tudo
O cusco e até o pé direito da casa.

Saltou cedito como de costume
Lavou as mãos e a cara já judiada
E requentou para seu desayuno
Garrão do chibo da noite passada

Botou confiança na cincha do mouro
Levou o laço pra beber sereno
Requisitou a proteção divina
E contemplou seu mundo tão pequeno.

Sua vida inteira foi assim
Achando lindo, dando risada

Como quem colhe uma flor no inverno
Se foi com Deus pra outra campereada.

Rancho De Luz

Rancho De Luz
(Tulio Urach, Carlos Omar Villela Gomes, Gibão Strazzabosco)

Sentado à mesa um mate novo
A vela acesa, o olho turvo
Ouço mil cascos em disparada
Lá por de trás da coxilha,
E o negrinho gorgeia seu riso
Por ter achado a tropilha.

Dou-te o lume da vela a prece prometida
Encontrem minha alma que anda perdida,
A escuridão da noite ainda me trás
Espíritos que vagam sem ter paz
Aquerenciando o temor de encontrar,
Lá fora o fogo incensato do boitatá.

Aháááááá
São índios e padres
São negros, mulheres, soldados

Aháááááá
Que adentram o rancho
E mateiam proseando ao meu lado

Guiam-se pela prece
Aos braços abertos na cruz,
Enquanto a vela aquece
Os sonhos que povoam
Esse rancho de luz

Indago à Cristo na parede
Se pode um mate aumentar a sede
Na chama da vela que se desfigura
Vejo campo e nele ecos de loucura,
Faiscas de adagas a morte estampada,
Tempo das batalhas, de morrer por nada.

Murmúrios engasgados em pecado e dor
Clamam ao meu lado a mão do redentor,
Roque na fogueira sem um coração
Toma a minha prece como extrema unção
O aço De La Torre vem pedir perdão,
A fúria da criolla com sangue nas mãos

Aháááááá
São índios e padres
São negros, mulheres, soldados

Aháááááá
Que adentram o rancho
E mateiam proseando ao meu lado

Guiam-se pela prece
Aos braços abertos na cruz,
Enquanto a vela aquece
Os sonhos que povoam
Esse rancho de luz

Dou-te o lume da vela a prece prometida
Aháááááá