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Mostrando postagens com marcador Tarciane Tebaldi. Mostrar todas as postagens
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Pra Matar A Saudade


Pra Matar A Saudade
(Adilson Moura)

Só tenho esta milonga pra estancar tristeza
Que sinto se estou longe donde esta meu pago
Desapresilho os versos onde quer que eu ande
E vou laçar o rio grande no canto que faço

Vai nessa milonga todo o sentimento
Nas azas do vento vou contar pro mundo
Como é bonita a terra donde eu venho
E a dor que ela sente é a dor que eu tenho

Vai lá milonga pra matar saudade
Conta a verdade do meu coração
Vai lá milonga e diz pra quem eu amo
Que eu to fazendo os planos
Pra voltar quem sabe pros braços do que é meu

Sem Ter Pressa De Chegar


Sem Ter Pressa De Chegar
(Guilherme Collares, Tarciane Tebaldi)

Na estrada da vida
Vou tropiando bons momentos
No campo do destino
Vou soltando sentimentos
No cavalo da esperança
Galopeio rumo ao tempo
Fui tropiando campo a fora
Um rebanho de emoções
Embretei dentro do peito
Mais que um lote de paixões

A vida anda de pressa
Mas eu ando devagar
Avanço passo a passo
Sem ter pressa de chegar
A felicidade existe
Pra quem sabe aproveitar
Cada momento da vida
Como se ela nunca fosse acabar

Carrego junto comigo
Uma mala de saudade
Daquele tempo antigo
De matear com a bondade
Nas carreiras da memória
Apostei na amizade
Colhi frutos de ternura
No pomar da caridade
Vivi tempos de amor
Nas asas da liberdade

Ecos Da Solidão


Ecos Da Solidão
(Tarciane Tebaldi)

Às vezes eu desabafo
Cala no peito o coração
Falta em mim um pedaço
São ecos da solidão

Choro de tempos em tempos
Não encontro uma razão
Pra essa dor que maltrata
Trazendo sofreguidão

Eu noto até o silêncio
No romper das madrugadas
Soluços pairam ao vento
De lágrimas encurraladas

Lembranças me dilaceram
Atormentam o pensamento
Razão pra viver não tenho
Falta em mim um alento

Tu partiu num instante
Levou contigo o meu mundo
Choro, penso e reflito
Não descanso um só segundo

De Vida E Flor


De Vida E Flor
(Tarciane Tebaldi, Cristiano Cesarino)

Numa tapera junto às águas do açude
Vivia um lírio solitário e tristonho
Só não sabia que no meio dessas águas
Adormecia uma vitória régia em lindo sonho.

Percebeu o triste lírio que na noite
Nas águas mansas se acordava com a lua
E no silencio de um olhar assim nasceu
O amor que entre dois seres floresceu

Enquanto o sol despertava a natureza
A flor branca dormia sob o azul do céu
E o lírio que ali a admirava
Espera o seu encontro sobre o véu

Mas o destino assim fez-se profecia
O sol e a lua não surgiram no horizonte
As águas mansas se fizeram rebeldia
Levando o lírio ao encontro de um instante

Momento único de amor e alegria
O lírio foi se afundando lentamente
Levando as lagrimas do dia que surgia
E olhar daquela flor eternamente

E a tristeza tomou conta da tapera
E até o vento assoviava muita dor
Mas se fez sábia a natureza nessa espera
Trazendo o fruto consumado desse amor

E ali na beira daquele velho açude
Nasceu o broto sem dizer espécie em flor
Pois ninguém sabe o que virá desse encontro
Em que o destino fez-se grande ditador 

Carreira de Campo


Carreira de Campo
(Gujo Teixeira, Érlon Péricles, Ângelo Franco, Pirisca Grecco)

Era uma tarde qualquer
Volta pras casas da lida
Ia um gateado e um tordilho
Cruzando a várzea estendida.

Ia um índio no gateado
No tordilho outro campeiro
Um de pala a meia espalda
O outro de lenço e sombreiro.

Se largaram em paleteio
Que um olhar firma a carreira
desde as duas corticeiras
Até o cruzar da porteira.

É a rédea frouxa na mão
Contra uma espora segura
Quem sabe é por pataquada,
Por honra ou por rapadura.

Só sei que bem pareciam
dois tauras em disparada
uma carga de combate
Mas era só carreirada...

Hace tiempo no se via 
Uma carreira tão parelha
Era fucinho a fucinho 
Era orelha com orelha...

A várzea ficou pequena 
Pra mostrar como se faz
Uma carreira de campo 
Saltando barro pra trás.

O gateado mais ligeiro 
Que um tirambaço de bala
Cruzou o vão da porteira
Com o índio abanando o pala.

No tordilho outro balaço
Cruzou ligeiro num facho
Chapéu tapeado na aba
Mas firme no barbicacho
Quem perdeu e quem ganhou
Cruzaram assim num repente
Um diz que cruzou primeiro
O outro que ia na frente.

Águas De Outrora


Águas De Outrora
(Tarciane Tebaldi)

Nasci no meio das pedras
Me chamam de olho-d’água
Eu saio molhando a terra
Por onde a fonte deságua

Quando me faço em açude
Reflito em mim a paisagem
Sou filha da natureza
Sou vida para a pastagem

Venho da terra
Sou mel da cacimba
Sou água de outrora
Vou pelo pago
Corro campo a fora
Lavando o chão
Deste meu rincão

Sou livre, não tenho dono
Nas sesmarias sem fim
Servindo tropa e campeiros
Que se aproximam de mim

Sou sanga de água rasa
Fazendo vezes de espelho
Onde a chinoca sorrindo
Faceira trança os cabelos

Aprendendo A Amar


Aprendendo A Amar
(Belmiro Pereira, Cristiano Cesarino)

Alegrias se perderam nos campos da solidão
Esperanças não vicejam nos versos dessa canção
Só tristezas tomam conta dos portais do coração
Só tristezas tomam conta dos portais do coração

Não pensei que meu destino fosse feito de esperar
Nem que a sina dos meus olhos fosse feita de chorar
E minhas mãos não tivessem outras mãos pra segurar
E minhas mãos não tivessem outras mãos pra segurar

Me pergunto e não entendo como pude te perder
Se o que fiz todos os dias foi bem mais que te querer
E hoje que quero e não encontro um jeito de te esquecer

Não sabia que o amor
É muito pouco que traz
Que a atenção e o carinho
Não valoriza jamais
E desdenha quase sempre aqueles que amam demais

Talvez um dia eu consiga aprender a amar assim
Pois sofrendo descobri que o amor não chega ao fim
Se não lhe der por inteiro e guardar um pouco pra mim
Se não lhe der por inteiro e guardar um pouco pra mim

Me  pergunto e não entendo como pude te perder...

Baile De Ramada


Baile De Ramada
(Luiz Godinho, Zulmar Benitez)

Quatro esteios, varas toscas, mata olho
De chão batido que nem eira pra feijão
São imagens criativas dos campeiros
Que deram origem ao nosso carramanchão.

O Marculino puxa o zaino frente aberta
Atira as garras e se bandeira pro outro lado
De rancho em rancho convidando a gauchada
Para um fandango com gaiteiro afamado.

Pena que o tempo galopeia sem parar
E lá adiante pode ser o fim da estrada
Talvez não tenha um baile destes campeiros
De chão batido debaixo de uma ramada.

A lua cheia vem chegando sem convite
E as estrelas se apresentam temporonas
O João Quati dá uma sova no pandeiro
E a rapaziada vai chinchando as querendonas.

Uma vaneira penetra  fundo na alma
E a gauchada se enleia de paixão
O mestre-sala anuncia o fim do baile
Se vai à noite e com ela uma ilusão.

Pena que o tempo galopeia sem parar
E lá adiante pode ser o fim da estrada
Talvez não tenha um baile destes campeiros
De chão batido debaixo de uma ramada.

Campo e Mulher


Campo e Mulher
(Luiz Carlos Ranoff)

Embora pele macia eu trago o campo em mim
E quem tem origem nele sabe por que sou assim
Não é porque sou mulher que não sei o que ele quer
Eu sei do labor que o brilho da flor que enfeita o jardim

O campo me deu ternura que não encontro aqui
Lições que hoje córrego e que jamais esqueci
Prefiro o berro do gado que o ronco forte de um carro
Eu gosto de ver um potro a correr pisando o capim

Se nem só de pão vive o homem
Também nem só de homem vive o campo
Pois em cada rancho ou estância
Tem a fibra e a elegância da mulher com seu encanto

Por ter esse jeito calmo e alegria no olhar
Não pense que se preciso também não saiba lutar
Pra terra somos iguais respeito nunca é demais
Então meu senhor é tempo de amor justiça e paz

A força move montanhas mas um sorriso também então porque preconceito?
Ninguém é mais que ninguém
Campeiro mesmo de fato é aquele de fino trato
Assim é que sou levando eu vou a vida que eu quis

Senhor das Manhãs de Maio


Senhor das Manhãs de Maio
(Gujo Teixeira, Luiz Marenco)

Meu galpão, de alma tranqüila, ressuscita, todo dia
Cada vez, que o sol destapa, sua silhueta sombria
E desenha, cinamomos, na minha querência vazia

Senhor, das manhãs de maio, ceva, este mate pra mim
Que eu venho, há tempos de lua, minguando sonhos assim
Os que eu posso sonho aos poucos, os que eu não posso, dou fim

Silencio quando posso, quando quero sou estrada
Diviso as coisas do tempo bem antes da madrugada
Numa prece, que nem lembro, refaço minhas orações
Pai nosso que estais no céu, precisai vir aos galpões

No descaso, dos galpões, solito, quando me vejo
É que se achega, a saudade, com seus olhos de desejo
Pondo estrelas madrugueiras, neste céu de picumã
Parecendo, que se adentra, pra contemplar minha manhã

Meus sonhos, domei pra lida, pra minha rédea, ao meu gosto
Pras dores, da minha alma, se ela cruzar esse agosto
Por favor, senhor dos mates, não deixe a manhã tão triste
Mateia junto comigo, que eu sei que tu ainda existe

Silencio quando posso, quando quero sou estrada
Diviso as coisas do tempo bem antes da madrugada
Numa prece, que nem lembro, refaço minhas orações
Pai nosso que estais no céu, precisai vir aos galpões

Por Trás De Um Violão

Por Trás De Um Violão
(Luiz Carlos Ranoff, Jair Medeiros)

Por trás de um violão que toca,
Há mistérios e magias
Segredos e confissões
Que se disfarçam na poesia
Tem um coração que se entrega
Quando canta o amor
Mas se for preciso veste a farda
Pra enfrentar o dissabor

Por trás de um violão que toca,
Tem discórdia e rebeldia
Nuances de liberdade
Nas entranhas da harmonia
Tem o pó da estrada, o breu da noite
E o orvalho da manhã
O canto de um povo
Que respeita sua história
E a rudeza dos galpões com picumã

Por trás de um violão que toca
Há um rio de emoções
São lágrimas e suor
Que vão regando as canções
Escorrem pela face
Param na concha da mão
Pra saciar a sede do violão

Por trás de um violão que toca,
Há encontros e partidas.
Saudades que cicatrizam
Antes de virar ferida
O medo de um dia não poder
Mais “amassar” seu próprio pão
E que falte rima para os versos,
Qual semente para o chão.

Por trás de um violão que toca,
Há quem cante e é feliz.
Embora sangre mazelas
Pelos veios do país
Atrás do violão existe alguém
Que quer alimentar os seus
Não julgue, pois que, toca e quem canta,
Segue apenas seu destino
E este, é um dom de Deus.