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Gaudêncio Sete Luas Fala de Crendices e Assombrações

Gaudêncio Sete Luas Fala de Crendices e Assombrações
(Luiz de Martino Coronel, Marco Aurélio Vasconcellos)

Eu dormi numa tapera
No inverno a noite dói
Acordei na primavera
Num campo de girassóis

Boitatá é alma penada
Fugindo do purgatório
Tá pedindo água abençoada
E três rezas de ajutório.

É raio pra toda parte
Se não tem um pé de umbu.
Enferruja o bacamarte
Quem dá tiro em urubu.

Dê boa noite se for dia
Ao passar pela arueira.
Vizinha tem simpatia
Pra veneno de cruzeira.

Sorte é fogo de palha,
Alegria é sanga rasa.
Coruja rasgou mortalha
Na cumieira da tua casa.

Olha a mula sem cabeça
Como tesouro dos jesuítas.
Talvez sexta ela apareça
Pulando que nem cabrita.

Canto de Morte de Gaudêncio Sete Luas

Canto de Morte de Gaudêncio Sete Luas
(Luiz de Martino Coronel, Marco Aurélio Vasconcellos)

Silêncio, abanem os lenços,
Chora o vento em despedida.
Gaudêncio, velho Gaudêncio,
Pulou a cerca da vida.

Adaga atirou no rio,
É mais um peixe de prata
Sete Luas já partiu
Com seu poncho cor de mata.

Esporas jogou ao léu,
Boleando a imensidão.
Mandou estrelas pro céu
Quem se deitou nesse chão.

Nas mãos levou sementes,
Nada mais ele precisa.
No eucalipto se sente
Que Gaudêncio virou brisa.

Dormindo em cova rasa,
Sem nome ou data nenhuma.
Se um pássaro bater asas,
É Gaudêncio envolto em plumas.

Quem quer levar oferenda
Pra Gaudêncio em noite escura:
Leve bom trago de venda,
Mate amargo e rapadura.