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Mostrando postagens com marcador Rogério Ávila. Mostrar todas as postagens
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Rodeio Das Entoradas

Rodeio Das Entoradas
(Evair Gomez, Juliano Gomes, Rogério Ávila)

Aperto a cincha e alço a perna
Na primavera, fim de setembro
Nos campos lindos de boa aguada
Rumo à invernada juntar rodeio

Vejo uma ponta costeando a sanga
E uma polhanga apura o cio
De uma novilha, florão de pampa
Que traz na estampa, um ventre vazio.

Pego-lhe o grito numa canhada
E dentro do mato, vai retumbando
Salta uma ponta de rês falhada
Direto à aguada, vai retoçando!

Mugindo o gado, busca a coxilha
E um touro berra num jeito guapo
Ritual de campo que se alvorota
Costeando a grota, sente o olfato!

A marcha segue, rumo ao saleiro
E pra um campeiro, é lindo ver
O sol saindo e um vento quente
Que toma a frente, no amanhecer.

Somente a estância que assim torena
Retrata a cena rudimentar
Para rodeio com ciência
E não muda a essência do natural.

Cincha o avanço, o tempo antigo
Pelos rodeios das entoradas
Apara a cola e aparta um lote
Que segue ao trote pra outra invernada.


Intérprete: Adriano Gomes

Peão do Cantagalo

Peão do Cantagalo
(Rogério Ávila, Leôncio Severo)

Sou peão campeiro
Do Cantagalo
Venho a cavalo
No corredor...
Prá busca um gado
Lá no Alegrete
Levo um bilhete
Prá o Chovedor!

Trago de tiro
Um bagual baio
Quase bueno
Saiu sereno, bom de doma
E esbarrador....
Sou peão campeiro
Do Cantagalo
Venho a cavalo
Prá o Chovedor!

Saltei cedito
Ainda noite, madrugada
E a lua clara, clara lua
De fiador...
E a coscorra
De um grilito, mais matrero
Fez o costeio
Prá um mate madrugador!

Sigo no rumo
Do lampejo da boieira
No céu da pampa
Linda estampa,
Pude vê-la...
Chapéu tapeado
E o tranquito de vaqueano
Chego temprano
Lá no posto do Estrela!

Mudo de pingo
Aperto a cincha
E alço a perna,
Pois lá prá diante
Sei da estrada
E a tropa berra...
Prá cruzá o passo
Faço a ponta
E largo n'água
Com uma mãozada
Da indiada lá do Serra!



Intérprete: Leôncio Severo

El Bocal


El Bocal
(Rogério Ávila, Leonel Gomez, Juliano Gomes)

No hay mirada mas linda
Que la de un criollo bagual
Con su crinera enredada
Esperando rienda y bocal...

En el palenque, clavado,
Frente a la estancia, el zorzal;
Cuantas golpeadas de potro
Que allí se ataran el bocal...

Y así salían en corcovos
Hasta el desarrollo del potro,
Y entonces el bocal, colgadito
En la ramada esperaba por otro...

Cuando los dias se iban
Y el trabajo lo hacía redomón;
El domero, domingueando salía
Al pueblito, de su gaucho rincón...

Al bocal, que hace del potro
Tchê caballo del hombre campero;
En esos versos, un regalo sencillo
Que le entrega de alma, un domero...

Camposanto


Camposanto
(Leonel Gomez, Rogério Ávila)

Passei por um camposanto
Em noite de lua nova
Tava um casal de finados
Mateando fora da cova

Esporeei meu toso gueno
Não quis saber do amargo
De noite em camposanto
Me gusta cruzar de largo

Passei por um camposanto
Em noite de lua nova
Tava um casal de finados
Mateando fora da cova

Passei por um camposanto
Em noite de lua nova

Esporeei meu toso bueno
Não quis saber do amargo
De noite em camposanto
Me gusta cruzar de largo

Em outro passei com tropa
Na noite lua crescente
E um finado gauchão
Meta "saludo" pra gente

Em outro passei com tropa
Na noite lua crescente

Esporei meu toso bueno
Fazendo cruz pra este pago
De noite em camposanto
Me gusta cruzar de largo

Andava pelando chiba
Numa coxilha de areia
Por de trás da sepultura
Brotava uma lua cheia

Andava pelando chiba
Numa coxilha de areia
Por de trás da sepultura
Brotava uma lua cheia

Andava pelando chiba
Numa coxilha de areia

Esporeei meu toso bueno
Fazendo cruz pra este pago
De noite em camposanto
Me gusta cruzar de largo

Por falta de um bem querer
Num baile em lua minguante
Me fui talariando estrivo
Campeando a sorte adelante
Junto à cruz "una paysana"
Dice me: Corazón vago
-" Pero en noche por camposanto
- Me gusta cruzar de largo!"



Ritual De Fronteira

Ritual De Fronteira
(Rogério Ávila, Márcio Rosado)

E há quem diga
Que a lida do campo năo é mais a mesma,
Que os tiros de laço somente restaram
Pra historia do pampa
E não são mais a estampa da vida rural

Que os homens terrunhos de vozes serenas
Não são mais torenas no trono dos bastos
Que a base de cascos não se faz mais nada
E que a terra plantada não vale um real

Por certo não sabe que lá na fronteira
A fibra campeira é o retrato do pago
Que gosto do amargo é o mesmo de outrora
E que a pua da espora ainda amansa bagual

Que tiros de laço se acha por farra
Sobre lombo, cucharra, ou do jeito que queira
Manhãs fogoneiras de pingo encilhado
Com o cacho quebrado no velho ritual

Que os homens terrunhos de vozes serenas
Ainda são os torenas no sul do país
E se vivem no campo e charlam com calma
É por terem na alma este mundo feliz

Mas há quem diga
Que a lida no campo não é mais a mesma
Que os homens terrunhos de vozes serenas
Não são mais torenas e que a terra plantada
Não vale um real

Por certo não sabe que lá na fronteira
A fibra campeira é o retrato do pago
Que gosto do amargo é o mesmo de outrora
E que a pua da espora ainda amansa bagual

Que tiros de laço se acha por farra
Sobre lombo, cucharra, ou do jeito que queira
Manhãs fogoneiras de pingo encilhado
Com o cacho quebrado no velho ritual

Pra Quem Avista Yvituhatã

Pra Quem Avista Yvituhatã
(Rogério Ávila, Leonel Gomez, Fabiano Harden)

Pra quem avista Yvituhatã
Numa manhã clara de sol
A alma pampa aflora o campo
E tem pra si o momento santo
Quem sabe ver-te, Yvituhatã

Se me estanciei para viver contigo
E fiz abrigo em teu rancherio
É porque o vento que te deu batismo
Por certo um dia vai trazer-me o frio

Nas tuas tardes vou matear silente
Pelas sombras largas do teu arvoredo
E quando a lua repontar saudades
Vou contar-te a linda destes meus segredos

Pra quem avista Yvituhatã
Numa manhã clara de sol
A alma pampa aflora o campo
E tem pra si o momento santo
Quem sabe ver-te, Yvituhatã

Querência que vejo pra nas madrugadas
Deixar trançado o tento do meu rastro
E quando o sol destapar coxilhas
Quero ser forquilha, embodocar meus bastos

Nas tuas tardes vou matear silente
Pelas sombras largas do teu arvoredo
E quando a lua repontar saudades
Vou contar-te a linda destes meus segredos

Pra quem avista Yvituhatã
Numa manhã clara de sol
A alma pampa aflora o campo
E tem pra si o momento santo
Quem sabe ver-te, Yvituhatã

A Morte De Um Potro

A Morte De Um Potro
(Rogério Ávila, Carlos Madruga)

Na pata do potro, o talho do arame
Do sangue no pasto, o golpe no chão
Se desata a rédea e a campana do estrivo
Vai sonando nos basto uma prece ao rincão!

A morte de um pingo na lida da doma
É triteza que assoma no olhar de um campeiro
Se vinha blandeando, terceando com a espora
Num berro, que agora, é silêncio ao potreiro!

Assim cruza o rastro, o índio vaqueano
Buscando o abandono do que amadrinhou
Saber da trompada queu viu contra o mato
E o potro veiáco se descogotou!

Retardam chilenas e as cordas de arrasto
A cincha e os basto numa ausência de lombo
Ficou um pedaço de pampa estendido
E o pago sentido no quadro de um tombo!

Talvez a querência anoiteça mais triste
Mas o campo se arrima na sorte de um outro
Ficou a mirada lembrando do estouro
Na falta do couro das garrão de potro!

Assim cruza o rastro, o índio vaqueano
Buscando o abandono do que amadrinhou
Saber da trompada queu viu contra o mato
E o potro veiáco se descogotou!