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Iramirim

Iramirim
(Rafael Machado, Kiko Goulart)

Iramirim resmungão...
Bom vizinho, companheiro,
Tão semelhante ao Barreiro
No quesito construção
Salvo pela decisão
De mesmo portando asas
Ter escolhido erguer casa
Pra baixo, dentro do chão!

Rude noção de ternura
Somada - antes de tudo -
Ao pampiano conteúdo
Da gaúcha arquitetura.
Só o colégio da planura
Sabe que ao descampado
Uma coisa é ser alado
Outra é gostar de altura.

Quando sem ocupação
Chuleio teu ir e vir.
- Como me entrete assistir
Tua movimentação!
Com tanto encargo, função...
Duvido muito sobrar
Tempo para lamentar
Ter nascido sem ferrão!

Como se nunca, jamais...
Por um acaso ou azar
Pudessem ameaçar
Tuas posses territoriais.
Numa dessas teus anais
Garantem que tua vinda
Pra essa terra tão linda
Foi para não sair mais!

Além disso – meu lindeiro –
Tem esse mel que fabricas.
- Não há doçura mais rica
E pura no mundo inteiro!
Quantas vezes de meleiro
Semeei punhados de cinza
Pra não perder – João ranzinza –
O rumo de teu carreiro.

- Quantos anos desde a infância...
Destas lides, seus enredos?
- Não posso contar nos dedos
Saudade, tempo... Fragrâncias!
Hoje os rumos são distância
E as cinzas, um pesadelo
À entordilhar meus cabelos
Conforme as circunstâncias.

Neste ofício pacholento
De amar o chão e cantá-lo
Já me espelhei nos galos,
Nos grilos, no próprio vento!
Só agora me concentro
E confesso sentir ciúme
Do telurismo que assumes
Embicando terra adentro!


Intérprete: Lisandro Amaral

Cordeona


Cordeona
(Rafael Machado, Juliano Gomes)

Sonoridade pampeana
Das noites de pulperia,
Melodiosa liturgia
Das orações campechanas.

Quantas ânsias redomonas
Ocultas - fiel companheira
Em teu corpo de madeira,
Em tua alma – cordeona?

Foste a escola primeira
Dos meus tempos de guri,
E contigo é que aprendi
Falar de outra maneira.

Por isso quando a garganta
Teima guardar seus segredos
És tu - ao toque dos dedos -
Minha cordeona quem canta!

Guarda em tua ressonância
No olhar gêmeo das hileras,
O vai e vem das basteiras
Pelos confins das estâncias.

E o extrato galponeiro
De uma infância à moda antiga
De quem por ti – velha amiga -
Um dia se fez: gaiteiro!

Quando contigo nos braços
Cordeona, minha parceira:
Sinto que a tua maneira
Compreendes tudo que faço;
E no calor deste abraço
(Misto de encanto e ternura)
Percebo que és a cura,
Pra todos os meus cansaços