Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador Rafael Ferreira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Rafael Ferreira. Mostrar todas as postagens

POEMA DE SAUDADE

TÍTULO
POEMA DE SAUDADE
COMPOSITORES
LETRA
RAFAEL FERREIRA
MÚSICA
LUCAS FERREIRA
INTÉRPRETE
MATHEUS LEAL
RITMO
MILONGA
CD/LP
23ª GUYANUBA DA CANÇÃO NATIVA
FESTIVAL
23ª GUYANUBA DA CANÇÃO NATIVA
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES
01º LUGAR
MELHOR INTÉRPRETE – MATHEUS LEAL
MELHOR INSTRUMENTISTA – CLARISSA FERREIRA

POEMA DE SAUDADE
(Rafael Ferreira, Lucas Ferreira)

Saudade é beijo de chuva, nos lábios verdes do pasto,
É trança de laço velho, que às vezes anda de arrasto,
Corruíra sem ter rancho, estribo sem ter o pé
Saudade é flor na corrente, fugindo do aguapé.

Saudade é lã esquilada que se separa da ovelha,
É mel novo adocicado, que se extraviou das abelhas,
Noite fumaça sem lua, pressentindo um temporal,
Saudade é baba que escorre junto ao mascar de um bocal.

Saudade é grilo cantante, em madrugada ventosa,
É cabelo sem adornos, sentindo falta da rosa,
É cusco que não regressa depois varar a sanga,
Saudade é vida esvairada depois que uma faca sangra.

Saudade é ser o que era, é ruga em faces de velho
É cruz de pedra sem nome, que mora num cemitério,
É homem de cerda moura que muita história conhece,
Saudade é morte nos olhos do sal que motiva a prece.

Saudade é uma pataquada, história de tarde inteira,
É potro que não se amansa sujeito ao dom da soiteira,
É vaca que berra triste ao se apartar de um terneiro,
Saudade é cheiro de terra num chuviscar veraneiro.

Saudade é dor de um barreiro, ao despencar o seu mundo,
É touro da guampa suja, num caponete do fundo,
É prenda que vive a espera, é peão que vive campeando,
Saudade é amor em distância que se apequena cantando.


Chasqueira Saudade

Chasqueira Saudade
(Rafael Ferreira, Robson Garcia)

Depois que virei a rédea do mesmo zaino de sempre
Pisando a réstia da lua, fio branco cortando estrada,
Nem quis olhar pelo ombro, aquilo que o rastro deixa,
Pois pra trás ficou um tanto, na tua trança colgada...

Me ajustei de peão por dia, na estância capitulina,
Golpeando égua de cima, buscando a plata que falta,
Mas na folga busco a volta, te olhando no pensamento,
Com teu sorriso de faixa, e o aroma bueno que exaltas,

Te mando um recadito, neste papel enrolado
Me desculpe os "modo errado", mereces mais, é verdade,
Mas cada linha é o meu peito, por entre um suspiro e outro,
Pois vi que o golpe de um potro tem menos dor que a saudade.

Atei com fita mimosa, colorada igual teu beijo,
Mandei uma flor juntito, que bem colhi tão rosada,
Talvez na hora que a pegues, ja esteja pálida e seca
Mas te prenda na intenção, não jogues fora por nada

Vai junto deste papel, um retalhinho de couro,
Uma lasca da desquina do bocal que vem sovado
Pois é a maior amostra da obrigação que sustento
Depois "das doma" eu regresso, pra ganhar o teu costado.

Intérprete: Marciano Reis


Queromana Mariquita


Queromana Mariquita
(Diego Müller, Eron Carvalho, Leonardo Borges, Filipe Corso, Rafael Ferreira)

Queromana – Mariquita – te traigo junto do peito,
Com lembranças de tuas "rédia”... que me deixaram sujeito!...
– Feito um “romance” antigo: daqueles que a gente conta,
E quedam presos no tempo... que inté o tempo perde à conta!

Atei o bocal no queixo do meu pingo, Zaino – estrela –
Pra “curá o trote” na estrada, tendo a desculpa de vê-la!...
Mas teu ranchito enfeitado, na beira do corredor,
Mostrou, nas portas fechadas, um semblante em desamor!...

Mariquita – pequenita – porquê estás fazendo assim?...
– Às vezes olha em meus olhos... noutras desvias de mim!...
Qualquer dia esbarro o zaino junto aos teus sonhos de prenda...
...E conto a minha intenção, querendo que me compreenda!

Queromana – Mariquita – sonhei contigo, é verdade:
Queria vencer as distâncias no corredor da saudade!...
Quem dera ser o teu par nalgum baile de “enramada”,
E num verso recitado... te convidar: – Namorada!

Sonho um dia – este tempo! – unindo nossos destinos...
E com um templo de leivas deixar de ser um teatino!...
Até imagino – faceiro – tu com um mate na mão,
Esperando que eu desencilhe bem no portal do galpão!

Mariquita – pequenita – esperando por teu sim,
Mandei bordar num lençinho um raminho de alecrim!...
...Pra te dar – como em regalo – selando o meu sentimento,
Depois que meu coração tu colgar junto a teus tentos!!!


Intérprete: Raineri Spohr



-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x­-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

*Queromana Mariquita: Tema dos antigos, como um romance, recolhido e divulgado por Paixão Côrtes. Muitas quadrinhas e estórias da Queromana Mariquita (ou Queromaninha Mariquita, ou só Mariquita) se perderam com o tempo.
*Romance: Modo como os antigos chamavas poemas contando estórias folclóricas, ou décimas, ou Romances. Ex.: Décima do potro baio – romance do potro baio – Romance do potro baio.
*Curá o trote: Desenvolver e firmar o trote do bagual.
*Bagual: Animal equino em estágio de doma, também chamado de redomão.
*Colgar: atar, juntar, enlaçar.

Noche Y Cadente

Noche Y Cadente
(Rafael Ferreira, Vitor Amorim)

Estrellita rastreando sueños por la madrugada
Y una linda mirada campea voz p’a su cantar
Nubes del cielo son mismas que ponchos negros
Con los secretos que una cadente hay de soltar

Algún silencio habita el pecho de la noche
Sin los sonrisos melodiosos por supuesto
Facha dormida alumbra en miel del rocío
Tiempo con frio que enruga el sentimiento

Pero la magia que tiene el campo
Mirando estrella besar la flor
Hace un pedido p’a la noche calma
Cantar encantos en esplendor
Llamando coplas noche y cadente
Hablan duetos con dulce amor

La ternura caminante del momento
En pensamientos algún nochero cantar
Que solamente son oídos en la pampa
En la esperanza de una vihuela llorar

Y van cantando sus penas y sus recuerdos
Pateando el viento con ecos del corazón
Noche estrellada al encontrar una cadente
Es diferente con misterio en su canción. 


Intérprete: Vitor Amorim

Pitanga


Pitanga
(Filipe Corso, Rafael Ferreira,Vitor Amorim)

Morava sem muito luxo
Quase na beira da sanga
Era vizinha da tuna
Do cardo e da japecanga

E tinha por seu costume
Adoçar simples desejos
Pois quando um homem passava
Na boca lhe dava um beijo

Tinha a pureza estampada
Sob o semblante do rosto
E embora moça direita
Muitos provaram seu gosto

E assim passava seus dias
Sempre de trás da cancela
Dando o seu doce pra tantos
Sem deixar de ser donzela

E assim passava o aroma,
Seduzindo em cor tão bela
Junto ao vívido vermelho
Nas bordas do corpo dela

Se espalhava pelo vento
Embalada em seus perfumes,
Feitiço pra muitos tantos
Principiando os ciúmes

Lindeira, igual a tantas
Num viver dependurada
Esperando um moço certo
Que lhe colhesse adoçada

Já lhe quiseram impura
Com mistérios e artimanhas
Já foi motivo de amores
Afogada numa canha

E quando o inverno chegou
Seu rancho virou tapera
O doce se foi embora
Deixando o amargo da espera

E quem no inverno passou
E achou seu rancho tapera,
Não se preocupe a pitanga
Voltará na primavera!