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Milonga Borgeana


Milonga Borgeana
(Jaime Vaz Brasil, Pery Souza)

Dentro do livro de areia
A ampulheta do tempo
Virou do avesso.

Quase sangrando nos becos
A fome de um tigre
Em mim.

E farejei as palavras no ar
A mão do vento se abriu
E pôs em folha suspensa
A Milonga Borgeana.

Mil criaturas da noite
Transpassam inquietas
Os vidros de um bar.

Monstro Aqueronte passeia
Na ponta dos pés
Em nós.

Deu-me um espelho esquisito e falou
Da forma que a vida tem
De pôr no rosto uma cara
Que a alma desenha.

Milonga Borgeana
Milonga de sombra.

Um tigre de quatro cores
Perdeu-se em teu labirinto.

Milonga Borgeana
Espada de vento

Nas calles de Buenos Aires
Nas calles de mis entrañas.

El viejo tiempo se espraia
Circula a doutrina
E suspende o punhal.

No corredor
Os rangidos do piso
São tão iguais...

Gume afiado, o destino que fez
A mão do escuro fechar
E pôr em muro de sombra
A Milonga Borgeana.

Abre-se a fresta del sueño
E se adentra um mistério
Um segredo e o frio.

Entro com eles
No espanto da casa
Del Asterion.

Ah, quem me dera eu pudesse tocar
Um solo de bandoneón
Ao olho atento que mira
O futuro e o mundo...

Milonga Da Saudade

Milonga Da Saudade
(Pery Souza, Sérgio Napp)

A saudade quando aperta o seu cerco
Não avisa
Chega sempre de surpresa
Se debate o coração apaixonado
Mas não larga, a saudade
Sua presa.

Os apitos são avisos de partida
Chora o vento
Chora o rio de encontro as pedras
Só não chora quem secou-se por primeiro.

Quem a vê assim parada e tão triste
Olhos secos
A esperar quem não virá
Não entende que o amor é uma sina
Alucina
E faz ver onde não há.

Quando o sol se esconde
E ao porto chega enfim a calmaria
Mesmo então as aves fogem assustadas
Ao ouvirem o gemido da saudade.

Intérprete: Shana Muller


Coração De Milonga

Coração De Milonga
(Jaime Vaz Brasil, Pery Souza)

Enquanto o tempo desenhava
Teu rosto dentro do meu corpo,
Saudade em dó menor cantei mil vezes.

Falei de nós, um tanto triste
E um bandoneón chorou comigo:
Amor, quando é amor, não morre nunca.

E pra fugir de cada sombra
Da solidão, que erguia os olhos,
Me disfarçei na dor de um sustenido.

Amor, quem sabe um dia desses
No espelho da milonga eu veja
Teu beijo renascido num segundo.

Por ti, amor, cantei o mundo
Em noites longas que aprendia
A amar em sol maior
E tempestades...

Amar nas ruas, bares, campos
Amar em solos de guitarra.
Amar com toda voz
E em silêncio.

Amar como só poderia
Meu coração de milonga.

Quem sabe ler paixões humanas
Na vida, sempre tão estranha,
Se o amor as vezes fecha toda casa?

Andei por mares, vales, luas
Andei em pedras, muros, portos,
Amor, varei coxilhas do avesso.

E andei no rastro do teu nome
No meu cavalo de brinquedo
Colhendo a flor azul que me pedias.

Amor, quem sabe um dia desses
Na alma da milonga eu veja
A face calma e breve das respostas...

Por ti amor cantei o mundo
Em longas noites que aprendia
A amar em sol maior
E tempestades...

Amar nas ruas bares campos
Amar em solos de guitarra.
Amar com toda a voz
E em silêncio.

Amar como só poderia
Meu coração de milonga.

Estrela Guria

Estrela Guria
(João Alberto Fogaça, Pery Souza)

Eu quis contar um segredo a uma estrela faceira
Mexendo os cabelos riu, não me olhou nem me ouviu
Com seus arreios de nuvens e os estribos de vento
Bem longe na escuridão minha estrela sumiu

Vem no clarão da fogueira
No chiar da chaleira
Na água da lua vem
Eu sei que não é de ninguém
Minha estrela vadia
Minha estrela guria
Lumia a solidão
Deste meu coração

Se as cigarras e abelhas que cochicham no campos
Falassem do meu amor poderia saber
E se os grilos da noite nas varandas serenas
Falassem da minha dor poderia saber

Vem no clarão da fogueira
No chiar da chaleira
Na água da lua vem
Eu sei que não é de ninguém
Minha estrela vadia
Minha estrela guria
Lumia a solidão
Deste meu coração