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O Mate de Quem se Vai

O Mate de Quem se Vai
(José Lewis Bicca, Pedro Julião Ayub, Rodrigo Bauer)

Era uma vez um poeta
Os olhos bons de profeta
Transcendiam nhu-porãs
As mãos de cerne e lonjuras
Cevavam rimas maduras
Pro mate dos amanhãs

Mateava com o rio à frente
E o pensamento presente
Afastava-se com calma
Seu olhar era uma pomba
Sorvendo o rio pela bomba
Para os remansos da alma

E assim imerso no amargo
Viola de canto largo
Se vestiu de poesia
Sentado ao fogo pensava
Mas de repente voava
Nos versos que lhe surgiam

O costume se conserva
Embora se troque a erva
Não se perdem ideais
O mate nunca é lavado
Pois se descobre o passado
Nos avios de quem se vai. 

Tudo isso, ainda penso,
Neste fogo que eu incenso
Os olhos e o coração
E uma saudade perdida
Vai na lágrima fugida
Que cai no meu chimarrão.
  
Onde andará o barranqueiro,
Mateando luz no pesqueiro
De uma nuvem terna e branca
Que o pranto alegre que larga
É o sereno que embriaga
Nossas noites na barranca...


Cantiga de Rio e Remo


Cantiga de Rio e Remo
(Aparicio Silva Rillo, José Gonzaga Lewis Bicca)

Olha o dourado que bateu no espinhel
Traz a canoa que rio fundo não da pé
Olha o dourado que bateu no espinhel
Traz a canoa que rio fundo não dá pé

Esta cantiga é muito antiga é muito amiga
Que me acompanha desde o dia em que nasci
Pego a canoa quando eu saio noite afora
Pescando estrelas no Uruguai ou no Ibicuí

Ela é remanso, é cachoeira é lua cheia
Ela é piava ela é dourado é surubi
Ela e o espanto do piá que a vez primeira
Tirou das águas para o solo lambari

É o pão da mesa para fome de quem pesca
O peixe arisco da aventura que há de estar
Na voz humilde de quem canta esta cantiga
Sem outros sonhos que não seja o de pescar

Vida É Jogo Jogo É Sorte

Vida É Jogo Jogo É Sorte
(Ernando Garcia Coelho)

O Gaúcho
Vive e canta,
Alegre com a natureza,
Aquarela de beleza
Que se encontra onde se ande...

Colorindo nossa lida,
Nosso chão, nossa morada,
Até cruzar-se a estrada
Pra o outro lado da vida.

Herança que o patrão velho
Deixou a todo o campeiro:
Enfrentar o dia inteiro
O sol quente,
O vento forte,
Até o dia em que a morte
O leve pra junto dele,
No eterno jogo da vida.

Vida é jogo
Jogo é sorte,
Vida é jogo,
Jogo é sorte!

Águas de Rio

Águas de Rio
(Aparício Silva Rillo, José Gonzaga Lewis Bicca)

Cachoeira!...
Rolando...rolando...rolando
...a rolar...

As águas que vinham mansas
Como flete sem espora
Ao tranquilo no mais,
Ao tranquilo no mais...
...se despenham pedra abaixo,
Potro fera, potro macho
A golpear-se sem paz
A golpear-se sem paz...

Eu também sou cachoeira,
Água vinda de rio manso,
Se for fora sou remanso,
Sou por fora sou remanso,
Sou por dentro “rolador”.
Mescla de pedra e guitarra,
Posso ser tigre ou cigarra,
Canto de guerra ou de amor!...
Cachoeira sou!
Canto de guerra ou de amor!...

João Campeiro

João Campeiro
(Aparício Silva Rillo, José Gonzaga Lewis Bicca)

- João Campeiro...
- João Campeiro...

É como um grito de repente que levasse
Um boi na tropa e não o homem que foi João...

E entretanto, no reponte deste grito,
O João Campeiro vai sumindo – já se foi...
Ele que outrora repontava o boi na estrada,
Vai ao reponte, estrada a fora, igual o boi...

Ninguém tem culpa, João,
Ninguém...
Ninguém tem culpa, João, ninguém.
Teria que ser assim,
Tudo o que nasce, um dia tem fim...

Semente boa que deu flor e que deu fruto,
Planta do campo que deu sombra, e que há de dar
O derradeiro galho seco para o fogo
Onde o João novo que nasceu vai se aguentar...

Ninguém tem culpa, João,
Ninguém...
Ninguém tem culpa, João, ninguém.
Teria que ser assim,
Tudo o que nasce, um dia tem fim...

- João Campeiro...
Tudo o que nasce um dia tem fim...