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A Guerra Que Não Perdemos

A Guerra Que Não Perdemos
(Rodrigo Bauer, Joca Martins, Negrinho Martins)

Que povo canta com garra o hino do seu estado?
E que rebrota mais forte em cada guri pilchado?
Se alguém venceu uma guerra, se vê naquilo que traz,
Nem mesmo ganhar a guerra nos vale mais do que a paz!

A Semana Farroupilha, de novo, acende essa chama...
Nossa Cultura está viva, pois essa gente lhe ama!
A vitória, dia-a-dia, é nossa e nós merecemos;
Por isso comemoramos a guerra que não perdemos!

Quem diz que nós festejamos
Uma guerra que perdemos,
Não vê que, nela, ganhamos
A identidade que temos!

Dez anos peleando juntos de uma história vitoriosa;
Impondo o próprio respeito que garantiu paz honrosa!
O gaúcho ergueu a espada porque o Império o feriu,
A mesma espada que há tempos já defendia o Brasil!

A juventude gaúcha renova a nossa paixão,
Vai se afastando do vício quem gosta da tradição...
Criamos os nossos filhos do jeito que nós crescemos,
Alicerçando os valores da guerra que não perdemos!


Intérprete: Joca Martins


Décima do Trançador


Décima do Trançador
(Rodrigo Bauer, Joca Martins, Negrinho Martins)

Aprendi a lidar com o couro
Quando um franqueiro aluado
Pranchou cruzando um lajeado
E se quebrou num estouro...
Já nem se ergueu mais o touro
Quando eu apeei, me cuidando,
Olhando o pobre berrando,
Saquei a cabo de osso
E fiz sumir no pescoço a
Folha inteira, alumiando!

Tirei-lhe o couro com jeito,
Fui descascando aos poquitos
Nada, sem ser despacito,
Se aproxima do perfeito.
Depois do serviço feito,
Ganha as estacas cravadas
Sessenta e quatro, estiradas,
Num terreno decrescente,
Deixando a parte da frente
Para o lado da baixada!

Só depois de bem curtido
Com o mormaço lhe ardendo,
Foi que a Coqueiro, lambendo,
Lhe recortou o tecido.
O seu pêlo enegrecido,
Com a pitoca eu fui raspando,
Tento por tento, tirando
Pra rédeas, buçais e relhos,
Tento por tento, parelhos,
Um por um, os desquinando!

Aprendi a lidar com lonca
Quando um lobuno do meio
Me despejou de um arreio
E se atirou numa estronca...
Eu saí liso da bronca,
Mas o lobuno, coitado,
Além de ser retalhado,
Quebrou a mão e, lutando,
Se degolou, pataleando,
No velho arame farpado!

Aprendi a lidar com trança
Quando um baio, sem pretexto,
Arrebentou o cabresto
Sentando que nem criança!
Eu danço conforme a dança,
Seguindo o antigo adágio...
Trancei outros nesse estágio,
Pra um sentador que mereça,
Fugir, deixando a cabeça
Para pagar o pedágio!

Por isso é que trago os dedos
Picados de tantos talhos,
O coração em frangalhos
De tanto trançar segredos...
Sovei o couro do medo
Com o macete da dor...
No aço do cravador abri
Caminhos da história
Escrita com a trajetória
Das mágoas do trançador!

Das mágoas do trançador!