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Mostrando postagens com marcador Mateus Neves da Fontoura. Mostrar todas as postagens
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Por Que Choram As Nazarenas

Por Que Choram As Nazarenas
(Zé Renato Borges Daudt, Mateus Neves Da Fontoura, Marcelo Oliveira)

Conheço a balda do potro, feito as cismas que carrego
Num par de estrelas de ferro, nos papagaios da espora,
Pois compreendi campo à fora por que choram as nazarenas
- Refletem todas as penas duma condena de outrora!

Neste par de estrelas bugras há um calvário de espinho
Onde as rosetas são ninhos pros lamentos de um domero
Que sabe a dor de um parceiro que teve o couro riscado
No repechar compassado dos rituais garroneiros.

Nazarena campo à fora, chora porque é preciso,
Uma ausência de sorriso, um pranto na voz do vento...
Que a mágoa do teu lamento pro domero é uma sentença:
De Cristo vem sua crença, da doma vem seu sustento

Não há quem corte um cavalo que não se sinta cortado
Que esqueça a cruz do pecado no silêncio da oração
De joelho frente ao galpão, altar sagrado do campo,
Ao desatar tento e grampo feito quem pede perdão.

Não foi à toa o batismo, chamarem de nazarena,
Ao que impõe a condena a um livre por seu caminho
Pois são coroas de espinho, rosetas, pontas de grampo,
E lembram espinhos santos que Cristo agüentou sozinho.


Intérprete: Marcelo Oliveira

Na Palma Da Mão (Enquanto Mateio)


Na Palma Da Mão (Enquanto Mateio)
(Rodrigo Duarte, Paulo Fleck, Mateus Neves Da Fontoura, Maurício Barcellos)

O mundo gira enquanto mateio
Se reinventa a cada instante
É minha hora de parar rodeio
O meu olhar se faz distante

Além da fumaça que vela meus olhos e o meu pensamento
Além das porteiras das tantas fronteiras dos meus sentimentos
Além das palavras não ditas de toda poesia
Além das verdades cansadas do meu dia a dia

O mundo gira enquanto mateio
Agora vejo o que me cerca
A vida é mais do que um simples rodeio
Nessas paisagens descobertas

É o abuso que move meus passos em busca de novos caminhos
É o jeito de ser por inteiro e o meio de não ser sozinho
É o que vai além do horizonte e além do silêncio
É o mundo na palma da mão onde me reconheço

E a mão estendida, o sal, a ferida, pastores, rebanhos
É o homem perdido buscando sentido nos seus desenganos
É um tempo de espera por novas bandeiras e falsos profetas
É a gente insistente que ainda acredita, que ainda contesta

É a semente no solo e o filho no colo, o brilho no olhar
É o homem na lua, um menino de rua, as pernas pro ar
É o sopro da vida, é a bala perdida, a pedra e o tropeço
É a fuga de casa, um voo sem asas, um novo começo

É a fome que impera, a dor que desterra, o sonho na estrada
Então a esperança nos ergue e nos lança na eterna jornada

O mundo gira enquanto mateio...
O mundo gira, gira, gira, gira, gira...

Romance A Um Par De Rédeas

Romance A Um Par De Rédeas
(Mateus Neves da Fontoura, Juliano Moreno)

Na trança daquela rédea
Pendurada no galpão
Há lembranças avoengas
E a vida firmando a mão

Pra voltar no próprio rastro
A escramuçar soledades
Tal se enfrenasse saudades
Na boca do coração

Na trança daquela rédea
Apeio um dia de infância
Na primeira campereada
Ao repontar vacas mansas

E por afoito que eu era
Pouca perna e muito estribo
Escutei de um velho amigo
Vai na tua mão a confiança

Pendurada no galpão
Distante do esquecimento
Aquela rédea trançada
Traz memorial em seus tentos
Aquela rédea trançada
Traz memorial em seus tentos

Com ela muito orelhano
Se transformou em cavalo
Pingo de dança no embalo
De contra-ponto com vento
Pingo de dança no embalo
De contra-ponto com vento

Na trança daquela rédea
Recuerdos pra vida inteira
E uma saudade insistente
Que não será passageira

Que levo dentro da alma
Por onde quer que eu vá
Pois nunca irei de me olvidar
Dessa lembrança campeira

Na trança daquela rédea
Que um velho amigo deixou
Esta confiança garrada
Que nunca mais se quebrou

Naquela rédea trançada
O tempo se palanqueou
E em cada tento tramado
Lembro de ti meu avô

Pendurada no galpão
Distante do esquecimento
Aquela rédea trançada
Traz memorial em seus tentos
Aquela rédea trançada
Traz memorial em seus tentos

Com ela muito orelhano
Se transformou em cavalo
Pingo de dança no embalo
De contra-ponto com vento
Pingo de dança no embalo
De contra-ponto com vento