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Mostrando postagens com marcador Marco Aurélio Vasconcellos. Mostrar todas as postagens
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VELHO CANTOR

TÍTULO
VELHO CANTOR
COMPOSITORES
LETRA
GILBERTO CARVALHO
MÚSICA
MARCO AURÉLIO VASCONCELLOS
INTÉRPRETE
MARCO AURÉLIO VASCONCELLOS
RITMO
CD/LP
9ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
FESTIVAL
9ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES


VELHO CANTOR
(Gilberto Carvalho, Marco Aurélio Vasconcelos)

Como figura surgida
Do ventre fundo dos anos
Sua estampa de fronteira
Sacudida de minuanos
Se derramava em guitarras
Pelos fogões campechanos

Contava até, que de noite
Quando solito estradeava
Se o vento no alambrado
Lhe desafiando assobiava
Ele então de contraponto
Até com o vento cantava

Dizia o velho cantor
No seu campeiro cantar
Quem passa a vida cantando
Não sente a vida passar

Era o pago que encarnara
Com sua baguala essência
Neste campeiro Quixote
Que cruzava a existência
Palanqueando as tradições
De sua velha querência

Onde andará o guitarreiro?
Já ninguém pode saber
Quem sabe se foi com o vento

Novos cantos aprender
Quem sabe se fez guitarra
Para cantando volver
Nas mãos de novos cantores
Num eterno renascer

Dizia o velho cantor
No seu campeiro cantar
Quem passa a vida cantando
Não sente a vida passar



SÓ RESTOU

Título
SÓ RESTOU
Compositores
LETRA
JOSÉ HILÁRIO RETAMOZZO
MÚSICA
MARCO AURÉLIO VASCONCELLOS
Intérprete
MARCO AURÉLIO VASCONCELLOS
 OS POSTEIROS
Ritmo
VALSA
CD/LP
11ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
Festival
11ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
Declamador

Amadrinhador

Premiações



SÓ RESTOU
(José Hilário Retamozzo, Marco Aurélio Vasconcellos)

Das carretas, sobraram rodados
Enfeitando o jardim dos patrões
Nos museus, os arreios quebrados
Das tropeadas, somente ilusões

Dos gaúchos restou pelas vilas
O domingo de muitos galpões
Apojando a guaiaca dos pilas
Sofrenando a má sorte aos tirões

Só restou desta lenta agonia
Distorcidas e mortas visões
Das peleias de teatro e poesia
E os arpejos de tristes violões

Só restou nos radinhos de pilha
Na garupa de som das canções
O centauro no altar das coxilhas
E o clichê que ainda causa emoções.

Conselhos

Conselhos
(Marco Aurélio Vasconcellos, Knelmo Alves)

Filho, sou teu pai, sou teu amigo,
Por isso escuta o que eu digo,
Minha experiência é quem fala.

Melhor aprende o que cala,
E ouve com atenção.
Este destino de peão,
Não te vou deixar de herança,
Porque me sobra esperança,
De ver-te um dia patrão.

Filho, meu velho também foi peão,
E acostumou-se ao patrão, politiqueiro e caudilho,
Por sinal, pai de um filho que à força se fez doutor.

E eu na solidão do meu rancho,
Só aprendi a fazer garranchos
Prá votar neste senhor.

Filho, agora é chegada a hora,
De saires campo afora,
Rumo a estância do saber

Que este teu velho peão pobre,
Há muito que junta os cobres,
Pra te mandar aprender.

Anda, vai e doma a leitura,
Te amansa em literatura,
E prende no laço a ciência,
Que ao longo de tua ausência,
Hei de rezar ao Senhor,
Prá que voltes à querência,
Um verdadeiro doutor.


Águas Nativas

Águas Nativas
(Marco Aurélio Vasconcellos, José Barros Vasconcellos)

Águas claras, águas puras
Onde energias futuras
Nessas fontes se abeberam
São canais ligando portos
Esquecidos, quase mortos
Que ainda progresso esperam
É o coração do Rio Grande
Que pulsa forte e se expande
Carregando a produção
Que se escoa pelos rios
Enfrentando os desafios
Que nascem da evolução

Rio Uruguai, Ibicuí
Rio Pelotas, Camaquã
Taquari, Rio Jacuí
Rio Pardo, Ibirapuitã
Jaguarão, Rio Jaguari
Velho Rio Santa Maria
Rio Caí, Rio Quaraí
Rios que correm noite e dia

E nesse embalo das águas
Levando queixumes, mágoas
Os rios se estirando vão
Parecem serpentes mansas
Ou virgens de longas tranças
Artérias de um coração
Rios onde os barcos deslizam
E as águas fertilizam
Terras de planta e de mato
Onde os peixes abastecem
Vilarejos que florescem
Perdidos no anonimato

Rio Uruguai, Ibicuí
Rio Pelotas, Camaquã
Taquari, Rio Jacuí
Rio Pardo, Ibirapuitã
Jaguarão, Rio Jaguari
Velho Rio Santa Maria
Rio Caí, Rio Quaraí
Rios que correm noite e dia



Marco Aurelio Vasconcellos E Os Posteiros - Aguas Nativas by Guascaletras

Paisagem Interior

Esta dedico ao grande amigo Heinz!!!


Paisagem Interior
(Martin César Gonçalves, Paulo Timm)

Eu tenho em meu canto o gosto das coisas do sul
O sumo, o bagaço, o espaço do céu mais azul
Nos bolsos eu trago uns poemas dobrados
Que eu fiz como agrado pra alguém que se foi

Eu tenho em meu gesto o jeito sincero dos meus
A lida, a capina, o abraço apertado do adeus
No olhar a lembrança de um piá pelas tardes
Laranjeiras, saudade... feito um rio que passou

Eu sou esse pouco do muito que um dia,
Amigo, eu trouxe de lá
Mas, seu moço, me ouça, eu preciso contar
A melhor parte de mim
Não quis vir quando eu vim
E ainda me espera, eu sei, na estação do lugar

Eu sou esse pouco do muito que um dia,
Comigo se veio de lá
É verdade, seu moço, até posso jurar...
A melhor parte de mim
Não quis vir quando eu vim
E ainda me espera, eu sei, na estação do lugar

Eu tenho em meus olhos o sol das manhãs que vivi
Paisagem da gente, semente de um tempo feliz
Nas botas a poeira, o relato de onde eu nasci
Na mala uns retratos se a saudade bater...

Eu tenho em meu gesto o jeito sincero dos meus
A lida, a capina, o abraço apertado do adeus
No olhar a lembrança de um piá pelas tardes
Laranjeiras, saudade... feito um rio que passou

Eu sou esse pouco do muito que um dia,
Amigo, eu trouxe de lá
Mas, seu moço, me ouça, eu preciso contar
A melhor parte de mim
Não quis vir quando eu vim
E ainda me espera, eu sei, na estação do lugar

Eu sou esse pouco do muito que um dia,
Comigo se veio de lá
É verdade, seu moço, até posso jurar...
A melhor parte de mim
Não quis vir quando eu vim
E ainda me espera, eu sei, na estação do lugar




Paisagem Interior - Marco Aurélio Vasconcellos by Guascaletras

Vida Razão E Sonho


Vida Razão E Sonho
(Marco Aurélio Campos, Marco Aurélio Vasconcellos)

Se amanhã eu tiver que partir
Por não ter mais razão prá ficar
Levarei nas rosetas choronas
Cantadeiras razões prá voltar
Com as choronas rosetas cantando
Por não ter porque ir ou voltar
Buscarei no amanhã dos meus sonhos
Se a razão do meu hoje ficar

Com razões cantadeiras voltando
Na chorona roseta há de estar
A razão que obrigou-me a partir
Transformada em razões prá ficar
Fiz da vida um rodeio de sonhos
Impassíveis por bem ou por mal
No saleiro a vontade dos outros
É boi gordo que vem lamber sal

Sou razão, vida e sonho buscando
No amanhã, mil razões prá andejar
E ir semeando passado e presente
Se o futuro puder me alcançar
Com razões cantadeiras voltando
Na chorona roseta há de estar
A razão que obrigou-me a partir
Transformada em razões prá ficar

Fiz da vida um rodeio de sonhos
Impassíveis por bem ou por mal
No saleiro a vontade dos outros
É boi gordo que vem lamber sal
Sou razão, vida e sonho buscando
No amanhã, mil razões prá andejar
E ir semeando passado e presente
Se o futuro puder me alcançar

Com razões cantadeiras voltando
Na chorona roseta há de estar
A razão que obrigou-me a partir
Transformada em razões prá ficar




Vida Razão e Sonho - Marco Aurélio Vasconcelos e Os Posteiros by Guascaletras

O Forasteiro



O Forasteiro
(Vinícius Brum, Mauro Ferreira, Luiz Carlos Borges)

Na sombra de um bolicho à beira estrada, daqueles que do mundo se perdeu
Encontra-se uma gente reunida, a espera de um chamado de seu Deus
Perfumes de bom fumo amarelido, paredes com suas almas penduradas
Paciências de um lugar envelhecido, e uma coragem de quem não tem nada

Apeia um forasteiro: O que é da vida?
Responde o bolicheiro: Está cansada,
A gente de bombacha anda esquecida, desiludida nos beirões da estrada
Buscamos nossa terra prometida um mundo pras crianças e pros velhos
O sul que nós sonhamos onde a vida devolva o que branqueou nossos cabelos
Mas cada ano a seca de janeiro, precede um novo inverno de asperezas
Parece que o destino do campeiro não pode pedir mais que pão na mesa

E aos poucos, o que diz o bolicheiro se multiplica em vozes pelo ar
E volta a se calar o forasteiro, junta o violão no peito pra cantar

Já vi quase de tudo em minha vida, há séculos que ando pela estrada
Vi a morte sobre a terra prometida, e a vida sobre a terra abandonada
Vi um homem pondo fogo na colheita, enquanto outro semeava num deserto
Já vi perto o que ontem era um sonho, e longe vi o que sempre fora certo
Um povo sonha Deus a sua imagem, e Deus devolve a terra a cada povo
Moldada no trabalho e na coragem que o povo usou pra levantar o sonho
Aqui é nosso inferno e paraíso, a vida é uma planta por cuidar
A que morrer por ela se preciso, o sul somente o sul pode salvar

Assim falou pro povo o forasteiro, depois montou e envolto num clarão
Sumiu emoldurado pela tarde, bem como o sol dissipa a serração
Uns dizem que mais altos que os cerros ele segue abençoando este rincão
Mas muitos acreditam que essa gente ouviu a voz do próprio coração
O certo é que um a um se foi às casas, por que havia uma planta por cuidar
Arar a terra a cada madrugada, para a semente que há de germinar
O homem faz seu Deus que faz o sonho, um sonho azul maior que este lugar
Na luz que vem dos olhos dessa gente, o sul um dia se iluminará

A Raiz Que Brota No Canto


A Raiz Que Brota No Canto
(Marco Aurélio Vasconcellos, Martim César Gonçalves)

É muito antigo o meu canto,
Bem mais antigo que eu,
Pois todo verso que planto
Tenho em mim, mas não é meu.

Toda raiz foi semente
Que foi raiz por sua vez,
E o rio que forma vertente,
De uma vertente se fez...
E o rio que forma vertente,
De uma vertente se fez...

No meu violão, a madeira
Sabe do canto das aves,
Já foi ninho de fornera,
Tem do sabiá a plumagem.

Por isso canto e cantando,
Eu trago em mim muitos mais,
Nas rudes vozes do campo,
O saber dos ancestrais.
Nas rudes vozes do campo,
O saber dos ancestrais.

Gente do Sul de outro tempo,
De fortins, de guerras, de lenços,
De coplas que vêm no vento,
Pra dar sentido ao que penso.
De coplas que vêm no vento,
Pra dar sentido ao que penso.

No meu violão, a madeira
Sabe do canto das aves,
Já foi ninho de fornera,
Tem do sabiá a plumagem.

Por isso canto e cantando,
Eu trago em mim muitos mais,
Nas rudes vozes do campo,
O saber dos ancestrais.
Nas rudes vozes do campo,
O saber dos ancestrais.

Gente do Sul de outro tempo,
De fortins, de guerras, de lenços,
De coplas que vêm no vento,
Pra dar sentido ao que penso.
De coplas que vêm no vento,
Pra dar sentido ao que penso.

A Sanga do Pedro Lira

A Sanga do Pedro Lira
(Demétrio Xavier, Marco Aurélio Vasconcellos)


Tem coisas que sempre são
Tem coisas que ninguém tira
Sempre haverá cerração
Na sanga do Pedro Lira
Não importa se é verão
Tanto faz se o vento vira
Passarás com cerração
A sanga do Pedro Lira

Pode a lei virar mentira
Pode o sim tornar-se não
E a sanga do Pedro Lira
Inda terá cerração
Se um homem de razão
Provar que a Terra não gira
Não negará a cerração
Da sanga do Pedro Lira

Pode ir-se embora a traíra
Pode morrer o chorão
Na sanga do Pedro Lira
Ficará a cerração
Há quem tema assombração
Tem quem já viu curupira
Eu creio na cerração
Da sanga do Pedro Lira

Vi o mundo numa pira
Ardendo num vermelhão
E a sanga do Pedro Lira
Tapada de cerração
Nada mais causa impressão
Nada a ninguém admira
Nada ergue a cerração
Da sanga do Pedro Lira

Eterna corre a paixão
Sob a fumaça da ira
Igualzinha à cerração
E a sanga do Pedro Lira
Tem coisas que sempre são
Tem coisas que ninguém tira
Sempre haverá cerração
Na sanga do Pedro Lira

A Memória Da Pedra


A Memória Da Pedra
(Gujo Teixeira, Cristian Camargo)

Era pedra e seguiu pedra
Por eterna, a vida inteira
Que um dia ficou no campo
Cansou de ser boleadeira.

A pedra da boleadeira
Nesta terra se perdeu
Mas nos meus olhos de campo
Um dia assim, renasceu...

Brotou do ventre da terra
Com paciência secular
Esperando pra ser vento
E assim, de novo voar.

Não voou por muitos anos
Perdida das outras duas
Mas sempre guardou a forma
Redonda, em feito de lua...

Foi surgir desenterrada
Do mesmo jeito que veio
Junto de um cocho de sal
Num parador de rodeio.

Pela lembrança da terra
Muitos séculos de história
Que guardou fundos de campos
No rastro de sua memória...

Por fora suja de terra
Mas com mistérios por dentro
Mostrando o vinco do couro
Bem recortado em seu centro.

Trezentos anos talvez!!!
Renascida sobre a terra
Mansa, serena qual pedra
Quem já foi arma de guerra.

No alto de um coxilhão
Bem onde foi esquecida
Ganhou palavra de terra
Pois meu olhar lhe deu vida

Das mãos de um índio charrua
Pra minhas mãos de campeiro
A pedra da boleadeira
Tem sempre rumo certeiro...

Arrogâncias De Milongas

Arrogâncias De Milongas
(Marco Aurélio Vasconcellos, Luiz de Martino Coronel)

Arrogâncias de milongas
Las traigo adentro em mi alma
Guitarras em noites longas,
Peleias em tardes calmas

Arrogâncias de milongas
Las traigo siempre comigo
Trança de ferro aos estranhos,
Cancela aberta aos amigos.

Arrogâncias de milongas
Son cosas mias de lo largo
Me agradam dois lábios doces
Tanto ou mais que um mate amargo.

Arrogâncias de milongas
Son mi saber y mi ciência
Sou humilde com os humildes
E guapo com as prepotências

Arrogâncias de milongas
Las traigo em mi corazón
São silêncios de distancias
Angústias de bandoneón.